O número das pessoas que gosta da Páscoa cresce a cada ano
que passa. Há sol, uma folga no emprego, uma família para matar saudades,
chocolate na boca e umas mini-férias na praia ou no campo para gozar. A
hotelaria agradece imenso, embora não deixe nenhuma esmola na igreja.
Alguém se encarrega de cumprir a tradição que sustenta tudo
isto. A casa fica aquele brinquinho de que a avó tanto se ufana; a mãe trata de
preencher a mesa vistosa e gulosa com pão de ló, vinho do porto, folar e
amêndoas e o padre passará com o seu cortejo a compasso.
A Páscoa que vivemos é cristã? Sim, já nos tinham falado “disso”.
O que é que significa? Pois… não sabemos bem… mas a nossa
avó sabe de certeza e a mãe ainda deve ter umas luzes sobre o assunto. Já
quanto ao pai, é melhor não arriscar a pergunta.
No entanto, é bom lembrar que qualquer tradição, por muito
resistente e resiliente que seja, precisa sempre de um pouco de água para se
manter viva. Não é sensato deixarmos a avozinha fazer de última bolacha do
pacote, porque a sua fé não é comerciável nem dura para sempre. E o tempo
acabará por desfazê-la em migalhas.
E sem bolachas não há beleza que salve esse pacote-tradição
de se tornar num produto contrafeito made
in China.
GAVB
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