A exposição sobre o artista Almada Negreiros, patente na
Fundação Calouste de Gulbenkian, merece bem todos os encómios que tem recebido,
pois revela-nos um artista ímpar e multifacetado em que Portugal se deve
orgulhar.
O imponente quadro que marca o início da exposição, onde o
grande Fernando Pessoa é pintado por Almada Negreiros, situa-nos a obra deste
extraordinário artista num modernismo português cheio de gente de talento.
Ao percorrer a exposição veremos que Almada Negreiros é
muitos artistas num só, um verdadeiro heterónimo artístico do modernismo.
Sobressaí claramente o Almada-pintor, embora as suas facetas de desenhador, artista
plástico, ator, designer, também estejam presentes.
É reconfortante pousar demoradamente os olhos sobre aquela
belíssima “Maternidade”, o seu magnífico “Autorretrato”, “O Retrato de Fernando
Pessoa”, “Duplo Retrato”, “Domingo Lisboeta” ou as imponentes telas da “Partida
de Emigrantes”.
Sobre a genialidade Almada já este blogue fez eco em dois
excelentes posts de Rosa Maria Fonseca, cuja (re)leitura recomendo:
Hoje apenas quero destacar a admiração e a satisfação com
que muitos portugueses descobrem Almada Negreiros. Viu-o na cara de muitos, nos
seus comentários, num orgulho incontido de estar a observar o melhor de José
Almada Negreiros.
Os quadros de Almada transpiram modernidade, harmonia e
sensibilidade. O artista consegue ser moderno sem lançar nenhum anátema sobre o
passado, pois incorpora alguns motivos da tradição portuguesa na sua geometria
moderna e colorida, onde os sentidos e os sentimentos têm sempre lugar. Como
têm lugar as influências de outros grandes nomes do modernismo mundial como
Picasso ou o seu amigo amarantino Souza Cardoso.
Costuma-se dizer que os olhos de Almada nos mostram o
século XX. Teria sido magnífico que o mundo e Portugal tivessem tido apenas a
beleza e a sensibilidade que brotaram das mãos, do coração e da alma de Almada.
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