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sábado, 1 de abril de 2017

UMA TARDE A VER ALMADA


A exposição sobre o artista Almada Negreiros, patente na Fundação Calouste de Gulbenkian, merece bem todos os encómios que tem recebido, pois revela-nos um artista ímpar e multifacetado em que Portugal se deve orgulhar.
O imponente quadro que marca o início da exposição, onde o grande Fernando Pessoa é pintado por Almada Negreiros, situa-nos a obra deste extraordinário artista num modernismo português cheio de gente de talento.
Ao percorrer a exposição veremos que Almada Negreiros é muitos artistas num só, um verdadeiro heterónimo artístico do modernismo. Sobressaí claramente o Almada-pintor, embora as suas facetas de desenhador, artista plástico, ator, designer, também estejam presentes.

É reconfortante pousar demoradamente os olhos sobre aquela belíssima “Maternidade”, o seu magnífico “Autorretrato”, “O Retrato de Fernando Pessoa”, “Duplo Retrato”, “Domingo Lisboeta” ou as imponentes telas da “Partida de Emigrantes”.
Sobre a genialidade Almada já este blogue fez eco em dois excelentes posts de Rosa Maria Fonseca, cuja (re)leitura recomendo:

Hoje apenas quero destacar a admiração e a satisfação com que muitos portugueses descobrem Almada Negreiros. Viu-o na cara de muitos, nos seus comentários, num orgulho incontido de estar a observar o melhor de José Almada Negreiros.
Os quadros de Almada transpiram modernidade, harmonia e sensibilidade. O artista consegue ser moderno sem lançar nenhum anátema sobre o passado, pois incorpora alguns motivos da tradição portuguesa na sua geometria moderna e colorida, onde os sentidos e os sentimentos têm sempre lugar. Como têm lugar as influências de outros grandes nomes do modernismo mundial como Picasso ou o seu amigo amarantino Souza Cardoso.


Costuma-se dizer que os olhos de Almada nos mostram o século XX. Teria sido magnífico que o mundo e Portugal tivessem tido apenas a beleza e a sensibilidade que brotaram das mãos, do coração e da alma de Almada. 

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