Em Portugal, quem tem menos de cinquenta anos não tem a noção do que
significa a sua falta e por isso é difícil explicar aos mais jovens quão
importante é podermo-nos expressar como queremos.
Apesar de ser a pedra basilar de qualquer sistema
democrático, a liberdade de expressão é só o começo, uma espécie de condição
sine qua non, mas sozinha não faz a primavera da liberdade. Também desfrutamos,
em Portugal, da liberdade de decidir o nosso futuro político, ainda que essa
seja uma liberdade condicional, mas a culpa não é do juiz nem das condições,
mas antes do que não fizemos com a liberdade que usufruímos.
Usamos mal o poder de fazer, que a liberdade nos faculta. Fazemos
pouco e fazemos mal e isso põe em risco a qualidade do ar livre que respiramos.
Obviamente é mais fácil dizer do que fazer, mas também não
é nenhum bicho-de-sete-cabeças construir uma sociedade que tenha orgulho
naquilo que construiu.
Comemoramos a conquista (ou reconquista) da liberdade política
com canções com trinta anos, com discurso sempre iguais, com promessas que
lembram desculpas, ano após ano, mas raramente somo capazes de elencar o que
fizemos de relevante, nos últimos dez anos, com essa poderosa alavanca da felicidade
que se chama liberdade.
Sim, nós, aqueles que têm 30, 40 e 50 anos, que espécie de
liberdade construímos? Estamos satisfeitos com ela? Fomos nós que usufruímos de
condições sociais, económicos e políticas ímpares nos últimos cem anos e não
outra geração qualquer. Por que é que esta liberdade nos parece murcha?
A
liberdade que temos sabe-nos a pouco porque a concretizámos com preguiça.
O poder
de fazer é sublime!
Construir uma sociedade mais culta, economicamente mais
independente, mentalmente mais forte é demasiado sedutor para ficar quieto à espera que o tempo passe.
GAVB
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