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quarta-feira, 29 de março de 2017

TOMAR A INICIATIVA



        
Ficar à espera que o outro faça, que o outro convide, que o outro marque o restaurante ou o hotel, que o outro comece aquela conversa difícil, mas absolutamente necessária, que o outro…
Por muito que o outro tenha espírito de iniciativa, que goste de impor as suas ideias, que seja voluntarioso, há sempre um momento em que se cansa e começa a duvidar. Duvida da pertinência das suas ideias, duvida daquela anuência sem luta nem chama, duvida até da sua relevância.


Na minha opinião, as relações resultam melhor quando em interação permanente, ainda que isso cause desavenças ou desacordo. A interação ativa a vontade, demonstra interesse, aprofunda e fortalece os laços.


Aquele que permanentemente se deixa conduzir e aceita tudo sem um «ai», uma objeção corre o perigo de beber a poção do «tanto faz». E o «tanto faz» é um veneno letal e silencioso.
Muitas relações definham pela monotonia. Não se saber quem vai propor o quê, mas saber-se que alguém vai tomar a iniciativa, é altamente reconfortante entre casais, entre amigos, entre profissionais.

Cada vez mais me convenço que as relações amorosas, de amizade ou puramente sociais são também um ato de inteligência, coragem, sensibilidade e iniciativa. Não uma iniciativa que se esgota na conquista ou na persuasão iniciais, mas algo que se entranha no espírito e se torna um hábito.
Obviamente que, se queremos que o outro também tenha iniciativa, temos de estar recetivos às suas propostas. Por muito naïfs que elas sejam ou apenas pouco exequíveis, porque  o outro tem pouco hábito de tomar a iniciativa e é normal que lhe tenham escapado as últimas atualizações de software disponíveis no mercado. Há que ter paciência, compreensão e carinho por quem se está iniciar no fabuloso mundo de fazer propostas & tomar  iniciativas.

GAVB

domingo, 12 de março de 2017

A DÉSPOTA MANIA DE IMPORMOS AS NOSSAS SEPARAÇÕES


«O meu pai não me deixou ir a casa da minha avó, quando eu estava com saudades dela. Até parece que nunca teve saudades!»

A vida também feita de muitos desencontros, dolorosas separações que não sabemos como enfrentar. Entre casais, com os filhos, com os pais, com os amigos, às vezes, até com um sítio.

Um erro que cometemos com frequência é querer obrigar aqueles que estão connosco a separarem-se também. É um erro terrível, insensato e egoísta! Uma espécie de retaliação, com danos colaterais, que atinge os inocentes que estão no meio.
É a mãe que proíbe os filhos de ficarem em casa do ex-marido logo que sabe que este já tem uma nova namorada; é o pai que impede as filhas de ver a avó, quando foi apenas ele que se zangou com a mãe; é a pressão que fazemos com alguns amigos ou amigas para que deixem de falar ao outrora nosso(a) melhor amigo(a), quando com ele(a) cortamos relações.

Estes desejos revelam apenas uma grande frustração e imaturidade, até porque familiares e amigos não são marionetas ao serviço dos nossos caprichos e vingançazinhas sem sentido.
A vida está cheia de relações que terminam de um modo insatisfatório, por vezes injusto, mas essas são histórias que apenas a nós dizem respeito. Por muito que ainda haja feridas por cicatrizar e as relações daqueles que amamos desajudem, não temos o direito a constrangê-los, especialmente se estivermos a falar de crianças, pois estas não têm poder para impor a sua vontade.
Além de corrermos o risco de sermos solenemente enganados, deixamo-nos consumir por atitudes mesquinhas, o que só atrasa a nossa recuperação afetiva.
Crescemos muito mais na adversidade e na luta contra as nossas imperfeições do que em atitudes egocêntricas.

GAVB

sábado, 28 de janeiro de 2017

O MEU TRABALHO É MUITO MAIS DIFÍCIL QUE O TEU


Quantos de nós já não fomos confrontados com um argumento «poderoso» como este? Normalmente vem de uma pessoa próxima (amigo, mulher, marido, familiar) e até é facilmente rebatível, mas magoa que se farta.
É o típico comentário desesperado e mal-intencionado que procura amesquinhar o outro, sugerindo que o seu trabalho é fácil de executar, cheio de regalias e bem remunerado. Já o ouvi várias vezes entre amigos e casais e interrogo-me porque surge com tanta frequência.
É assim tão natural pensar que nós é que somos especiais, nós é que fazemos as coisas difíceis, nós que é que trabalhamos mais? Todos os trabalhos têm as suas dificuldades e não é o facto de alguns não se queixarem que os torna mais «fáceis».

Na verdade, o trabalho dos outros só é fácil porque não somos nós a fazê-lo. Por vezes, nem imaginamos quão complexa é a sua execução e como estaríamos realmente impreparados para o fazer com o mínimo de qualidade, no entanto assegurámos ao nosso marido, ao nosso amigo ou à nossa tia que daríamos conta do recado com uma perna às costas. Curioso é que raramente nos disponibilizamos para fazer a “contra-análise”, ou seja, por alguns dias, trocar de tarefas.
Este tipo comentários revela-se, na maioria das vezes, injusto e perigoso, porque cria animosidade, tristeza e desconfiança nas relações. O cansaço ou a frustração profissional não se resolvem aos pontapés. A amizade por aqueles que amamos prova-se no respeito que temos por eles; menorizar aquilo que fazem é uma profunda falta de respeito.

GAVB