Ficar à espera que o outro faça, que o
outro convide, que o outro marque o restaurante ou o hotel, que o outro comece aquela conversa difícil, mas absolutamente
necessária, que o outro…
Por muito que o outro tenha espírito de iniciativa, que
goste de impor as suas ideias, que seja voluntarioso, há sempre um momento em
que se cansa e começa a duvidar. Duvida da pertinência das suas ideias, duvida
daquela anuência sem luta nem chama, duvida até da sua relevância.
Na minha opinião, as relações resultam melhor quando em
interação permanente, ainda que isso cause desavenças ou desacordo. A interação
ativa a vontade, demonstra interesse, aprofunda e fortalece os laços.
Aquele que permanentemente se deixa conduzir e aceita tudo
sem um «ai», uma objeção corre o perigo de beber a poção do «tanto faz». E o
«tanto faz» é um veneno letal e silencioso.
Muitas relações definham pela monotonia. Não se saber quem
vai propor o quê, mas saber-se que alguém vai tomar a iniciativa, é altamente
reconfortante entre casais, entre amigos, entre profissionais.
Cada vez mais me convenço que as relações amorosas, de
amizade ou puramente sociais são também um ato de inteligência, coragem,
sensibilidade e iniciativa. Não uma iniciativa que se esgota na conquista ou na
persuasão iniciais, mas algo que se entranha no espírito e se torna um hábito.
Obviamente que, se queremos que o outro também tenha
iniciativa, temos de estar recetivos às suas propostas. Por muito naïfs que
elas sejam ou apenas pouco exequíveis, porque o outro tem pouco hábito de tomar a
iniciativa e é normal que lhe tenham escapado as últimas atualizações de software
disponíveis no mercado. Há que ter paciência, compreensão e carinho por quem se
está iniciar no fabuloso mundo de fazer
propostas & tomar iniciativas.
GAVB
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