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quarta-feira, 22 de março de 2017

TAREFEIROS NOS HOSPITAIS – O BARATO SAI CARO



Se há setor onde ainda não se discute ao cêntimo o dinheiro gasto é a Saúde, porque “com a saúde não se brinca” nem se discute preço. Apesar desta ser uma verdade cada vez mais relativa, ainda é a Saúde o setor que mais recursos financeiros consome em Portugal.

Algumas notícias, do dia de hoje, dão conta de uma realidade que nos sai cara e que torna os hospitais portugueses locais menos confiáveis do que já foram – o trabalho tarefeiro. 
Este tipo de expediente institucionalizou-se, sobretudo com a chegada da troika a Portugal, altura em que a emergência financeira impediu que muitos lugares do quadro médico e de enfermagem fossem corretamente preenchido.

Quem frequenta os hospitais já se deu conta de que muitos médicos, que os atendem, não têm qualquer vínculo ao hospital onde trabalham e que isso afetam sobremaneira a qualidade do ato médico. Este tipo de trabalhador é pago à hora e, nos últimos quatro anos, Portugal gastou quase 100 milhões de euros com o pagamento de horas aos tarefeiros da Saúde, ou seja, dois milhões de euros por mês.
Além das graves entorses que causam ao regular funcionamento dos hospitais públicos e privados, a medida, supostamente economicista, custa muito caros aos contribuintes, apesar dos médicos receberem muito pouco, pois grande parte do valor pago pelo Estado fica no intermediário, ou seja, nas empresas de médicos e enfermeiros que faturam sem nenhum esforço.

Governar não é fazer apenas o que nos mandam nem aquilo que resolve momentaneamente um problema mas cria outro de maior dimensão. 
A troika já se foi embora há algum tempo e por isso já era tempo do Ministério da Saúde pôr em prática um plano sustentado e coerente de substituição do trabalho tarefeiro pela abertura de vagas no quadro dos hospitais.
A Saúde dos portugueses e das finanças públicas ia melhorar a olhos vistos se deixássemos de pagar milhões por médicos que apenas ganham tostões e andam exaustos de tanto saltarem de hospital em hospital.

GAVB

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