“Rir é próprio do Homem!” – terá escrito Aristóteles no segundo Livro da sua Arte Poética, entretanto perdido. Claro que agora ninguém discute o carácter demoníaco do riso, como acontecia na Idade Média e o filme Em Nome da Rosa de Umberto Eco imortalizou na nossa memória. Todavia, o riso ainda não tem o estatuto e o reconhecimento que merece. A comédia é aquela arte menor que apenas serve para entreter o espírito cansado, mas o seu valor está muito para além disso.
Fazer rir os outros é uma arte cada vez mais difícil, até porque os nossos níveis de exigência aumentaram bastante. Queremos um humor fácil de entender, mas inteligente. Algo que não seja boçal, mas fuja da excessiva subtileza. Queremos o riso e queremos a crítica, queremos distender a mente, mas não dar o tempo como perdido.
O riso, como qualquer arte, precisa de criadores de qualidade e, sobretudo, de intérpretes de exceção. Além disso, depende do público como nenhuma outra arte. Há uma energia que vai e vem do plateia para o palco, que torna o riso maravilhoso ou banal.
Tal como a música, o riso precisa de silêncio. Não podemos estar constantemente a ser bombardeados com humor.
Como a luz precisa da escuridão e o silêncio adora o som, o riso precisa que se esqueçam dele para criar a surpresa.
No entanto é difícil surpreender quem se fecha à novidade.
É preciso deixar entrar o humor nas nossas vidas. Descontrair a mente e o corpo. Ser capaz de se rir com os outros e de si é um passo firme para tornarmos as nossas vidas mais habitáveis.
Com o passar dos anos, dou comigo a admirar mais todas aquelas pessoas que incorporam o humor, a boa disposição, a gargalhada, o riso no seu dia-a-dia. Não só as suas vidas ficam mais agradáveis como fazem a dos outros mais colorida.
O riso é uma espécie de arco-íris da vida.
GAVB
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