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sexta-feira, 10 de março de 2017

SERÃO OS DIRETORES A MUDAR OS CURRÍCULOS E NÃO O MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO


“Não está, nem esteve, a ser equacionada qualquer redução da carga horária das disciplinas de Português e Matemática, nem tal alguma vez foi afirmado pelo ME” fonte oficial do Ministério da Educação, citada pelo jornal Público.

Provavelmente os lobbies do Português e da Matemática mexeram-se e o ME fez marcha atrás na ideia de retirar aulas a Português e Matemática, para as dar às Expressões, História e Área Projeto, como anunciava o Expresso há semanas.

A única coisa que o ME parece manter é a autonomia da Escola para decidir 25% do currículo, o que reforçará o poder dos Diretores, tal como afirmei no passado (Mais uma vez, a nova frente de luta da Fenprof será votada ao fracasso). A coberto da autonomia das Escolas, os Diretores de Escola (especialmente nas E.B. 2/3) poderão decidir reduzir o Francês a metade do horário do Inglês; aumentar ou diminuir o horário de História/Geografia, reforçar ou não Educação Visual. Os critérios e as justificações ficarão a seu cargo. Haverá grupos disciplinares beneficiados e outros prejudicados.

Certamente muito farão uma gestão correta, procurando que certas turmas, com mais dificuldades de aprendizagem, tenham um horário mais preenchido com disciplinas práticas e menos tempos de Português, Inglês, Matemática e História, por exemplo. Proliferarão currículos alternativos um pouco por todas as escolas, desde que o sucesso escolar seja garantido, os professores andem mais ou menos satisfeitos e aqueles que costumam “dar mais negativas” tenham um papel simbólico na passagem dos alunos.

Como a carga das disciplinas ditas teóricas vai diminuir, em algumas turmas, cumprir o programa será opcional, mas também não haverá grandes cobranças, até porque os exames nacionais foram substituídos por provas de aferição até ao 9.º ano de escolaridade.
O ME procurará contentar todos, sem se comprometer com ninguém. No fundo, aquilo que o ME pretende é uma espécie de Escola a duas velocidades, sem que o tenha de assumir.
Será uma revolução tranquila e disfarçada. Com o Diretor ao leme e a municipalização como pano de fundo.
GAVB


1 comentário:

  1. Bem observado. Será como tem sido, neste país que não sabe viver em democracia, porque não sabe responsabilizar quem não cumpre: disfarçar o que se vê, para dizer que há sucesso e que só há bons professores e bons pais. É difícil resolver problemas de fundo, porque tocam no profissionalismo e na responsabilização (que é assim tão mal ensinada aos alunos que estamos a formar!).

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