“Não está, nem esteve, a ser equacionada qualquer redução
da carga horária das disciplinas de Português e Matemática, nem tal alguma vez
foi afirmado pelo ME” – fonte oficial do Ministério da Educação, citada pelo
jornal Público.
Provavelmente os lobbies do Português e da Matemática
mexeram-se e o ME fez marcha atrás na ideia de retirar aulas a
Português e Matemática, para as dar às Expressões, História e Área Projeto,
como anunciava o Expresso há semanas.
A única coisa que o ME parece manter é a autonomia da
Escola para decidir 25% do currículo, o que reforçará o poder dos Diretores,
tal como afirmei no passado (Mais uma vez, a nova frente de luta da Fenprof
será votada ao fracasso). A coberto da autonomia das Escolas, os Diretores de
Escola (especialmente nas E.B. 2/3) poderão decidir reduzir o Francês a metade
do horário do Inglês; aumentar ou diminuir o horário de História/Geografia,
reforçar ou não Educação Visual. Os critérios e as justificações ficarão a seu
cargo. Haverá grupos disciplinares beneficiados e outros prejudicados.
Certamente muito farão uma gestão correta, procurando que
certas turmas, com mais dificuldades de aprendizagem, tenham um horário mais
preenchido com disciplinas práticas e menos tempos de Português, Inglês,
Matemática e História, por exemplo. Proliferarão currículos alternativos um
pouco por todas as escolas, desde que o sucesso escolar seja garantido, os
professores andem mais ou menos satisfeitos e aqueles que costumam “dar mais
negativas” tenham um papel simbólico na passagem dos alunos.
Como a carga das disciplinas ditas teóricas vai diminuir, em
algumas turmas, cumprir o programa será opcional, mas também não haverá grandes
cobranças, até porque os exames nacionais foram substituídos por provas de
aferição até ao 9.º ano de escolaridade.
O ME procurará contentar todos, sem se comprometer com
ninguém. No fundo, aquilo que o ME pretende é uma espécie de Escola a duas
velocidades, sem que o tenha de assumir.
Será uma revolução tranquila e disfarçada. Com o Diretor ao
leme e a municipalização como pano de fundo.
GAVB
Bem observado. Será como tem sido, neste país que não sabe viver em democracia, porque não sabe responsabilizar quem não cumpre: disfarçar o que se vê, para dizer que há sucesso e que só há bons professores e bons pais. É difícil resolver problemas de fundo, porque tocam no profissionalismo e na responsabilização (que é assim tão mal ensinada aos alunos que estamos a formar!).
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