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sexta-feira, 3 de março de 2017

UMA LEI DESESPERADA



Ontem, ao jantar, a minha filha chamou-me a atenção para uma pequena notícia da «Visão»: o presidente das Filipinas endurecia o combate ao consumo e tráfico de droga baixando a idade de responsabilidade criminal dos 15 anos para 9 anos.
Nas Filipinas, uma criança de 9 anos pode ser julgada sumariamente por tráfico de droga. Absolutamente cruel e injusto. Uma lei de doidos, sem pingo de bom senso nem de humanidade.
Como pode uma criança de nove anos ter a noção do crime que está a cometer? Dos perigos que corre? Não pode e quem faz uma lei destas tem de saber isto. O desespero no combate ao tráfico não justifica o uso de todos os meios. Os traficantes não se comoverão, pois estão habituados a destruir vidas atrás de vidas, especialmente entre os mais jovens.

Rodrigo Durterte, o presidente filipino, disse que se um filho seu se metesse na droga, ele mesmo o mataria. Duvido! O que já não oferece dúvidas é o brutal número de mortos ocorridos nos últimos meses em virtude desta lei desesperada e brutal: sete mil mortos.
Talvez Duterte pense como Estaline (“Uma morte é uma tragédia, um milhão é uma estatística”) e Maquiavel (Os fins justificam os meios”), mas o mais certo é perder a guerra contra os narcotraficantes, perder a razão e perder o povo que o elegeu.

A droga é dos inimigos mais poderosos que uma sociedade e um Estado podem enfrentar, no entanto não se vence através de medidas iníquas. Não é o mal que vence o mal, mas a firmeza e determinação das boas ações.
Há uma grande diferença entre ter quinze anos e nove, no que ao conhecimento da vida diz respeito. Uma lei arbitrária e injusta não resolve nenhum problema mas é capaz de criar uma série deles.

GAVB

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