Enquanto foi treinador do Barcelona, Pep Guardiola
colecionava títulos espanhóis, europeus e mundiais e a crítica rendia-se ao
genial treinador que orientava a mais avassaladora máquina futebolística dos
últimos vinte anos.
Há quatro anos, Guardiola impôs-se um ano sabático e
decidiu sair da zona de conforto e testar as suas extraordinárias aptidões
de treinador de futebol no clube mais bem organizado do mundo: o Bayern de
Munique. Cumpriu o contrato na Baviera, ganhando apenas a competição interna,
pois foi incapaz de fazer tanto como o seu antecessor alemão e esteve bem longe
de levar para o sul da Alemanha aquele futebol
champagne que nos fazia ver, embevecidos, o mágico Barcelona de Xavi, Messi,
Iniesta e Guardiola.
Educadamente, as partes separaram-se e Pep lá aceitou o
convite do milionário Manchester City, mas a experiência em Inglaterra ainda
tem sido mais dececionante que na Alemanha, porque no melhor campeonato do
mundo há concorrência a sério, ao contrário do que acontecia na Alemanha, e
o City esbanja dinheiro, pontos e está longe de convencer.
Pep já não é encarado como rei Midas e as suas decisões, enquanto
treinador, são muito criticadas.
Depois de ter cortado o wi-fi aos jogadores
sempre que estes estão no centro de treinos ou em estágio, depois de ter
proibido os seus jogadores (que ganham, em média; um milhão de euros mês) de usar chuteiras
coloridas, Guardiola ousou dar recomendações sobre a atividade sexual dos seus pupilos, em dias de folga. Embora os resultados desportivos do Manchester City
continuem a ser medíocres face ao investimento feito, Pep prossegue a sua sanha
de grande educador e resolveu proibir os jogadores de comer chocolates e todo o
tipo de snacks sempre que estejam no centro de treinos do clube.
Pep Gaurdiola sabe imenso de futebol, mas percebe muito
pouco de relações humanas. Os jogadores do City são homens feitos e não
crianças ou adolescentes a quem seja preciso de impor regras básicas de comportamento. Quer as medidas quer a sua publicitação só podem enfurecer os
milionários jogadores do Manchester City, que assim se sentem desrespeitados, quase
que humilhados. Nenhum espírito de grupo se constrói assim.
Talvez Pep Guardiola ainda não tenha percebido, mas já não
está a treinar Messi, Xavi ou Iniesta, que apesar de também ganharem rios de
dinheiro, tinham um temor reverencial ao catalão, pois ele tinha sido seu treinador
desde a adolescência. Para eles, Pep era muito mais que um treinador de
futebol, era como um pai, um guia espiritual. Admiravam-no desde de tenra idade
e por isso obedeciam-lhe sem o questionar. No City ou noutro qualquer clube de
top mundial não acontece isso. Nunca acontecerá. Só Guardiola é que ainda não
notou isso, mas talvez ande a precisar de outro ano sabático… em Barcelona.
GAVB
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