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quinta-feira, 23 de março de 2017

AS PROIBIÇÕES DE PEP GUARDIOLA


Enquanto foi treinador do Barcelona, Pep Guardiola colecionava títulos espanhóis, europeus e mundiais e a crítica rendia-se ao genial treinador que orientava a mais avassaladora máquina futebolística dos últimos vinte anos.
Há quatro anos, Guardiola impôs-se um ano sabático e decidiu sair da zona de conforto e testar as suas extraordinárias aptidões de treinador de futebol no clube mais bem organizado do mundo: o Bayern de Munique. Cumpriu o contrato na Baviera, ganhando apenas a competição interna, pois foi incapaz de fazer tanto como o seu antecessor alemão e esteve bem longe de levar para o sul da Alemanha aquele futebol champagne que nos fazia ver, embevecidos, o mágico Barcelona de Xavi, Messi, Iniesta e Guardiola.

Educadamente, as partes separaram-se e Pep lá aceitou o convite do milionário Manchester City, mas a experiência em Inglaterra ainda tem sido mais dececionante que na Alemanha, porque no melhor campeonato do mundo há concorrência a sério, ao contrário do que acontecia na Alemanha, e o City esbanja dinheiro, pontos e está longe de convencer.
Pep já não é encarado como rei Midas e as suas decisões, enquanto treinador, são muito criticadas. 

Depois de ter cortado o wi-fi aos jogadores sempre que estes estão no centro de treinos ou em estágio, depois de ter proibido os seus jogadores (que ganham, em média; um milhão de euros mês) de usar chuteiras coloridas, Guardiola ousou dar recomendações sobre a atividade sexual dos seus pupilos, em dias de folga. Embora os resultados desportivos do Manchester City continuem a ser medíocres face ao investimento feito, Pep prossegue a sua sanha de grande educador e resolveu proibir os jogadores de comer chocolates e todo o tipo de snacks sempre que estejam no centro de treinos do clube.
Pep Gaurdiola sabe imenso de futebol, mas percebe muito pouco de relações humanas. Os jogadores do City são homens feitos e não crianças ou adolescentes a quem seja preciso de impor regras básicas de comportamento. Quer as medidas quer a sua publicitação só podem enfurecer os milionários jogadores do Manchester City, que assim se sentem desrespeitados, quase que humilhados. Nenhum espírito de grupo se constrói assim.  

Talvez Pep Guardiola ainda não tenha percebido, mas já não está a treinar Messi, Xavi ou Iniesta, que apesar de também ganharem rios de dinheiro, tinham um temor reverencial ao catalão, pois ele tinha sido seu treinador desde a adolescência. Para eles, Pep era muito mais que um treinador de futebol, era como um pai, um guia espiritual. Admiravam-no desde de tenra idade e por isso obedeciam-lhe sem o questionar. No City ou noutro qualquer clube de top mundial não acontece isso. Nunca acontecerá. Só Guardiola é que ainda não notou isso, mas talvez ande a precisar de outro ano sabático… em Barcelona.

GAVB

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