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quinta-feira, 9 de março de 2017

A VIDA ESTÁ DIFÍCIL POR TODO O LADO, NÃO SÓ NO SUPERMERCADO


Hoje a Visão publica uma interessante reportagem sobre as difíceis condições de trabalho dos trabalhadores dos supermercados portugueses, destacando, sobretudo, a roleta russa dos horários, o magro salário, a alteração constante de funções, a coação psicológica, o assédio moral, os objetivos de produtividade irrealistas e desumanos.

Infelizmente, o microcosmos dos empregados de supermercado é só mais um exemplo da degradação das condições de trabalho, a que muitos trabalhadores chegaram. Outras profissões experimentam horrores semelhantes: os bancários, os enfermeiros, os empregados das lojas dos centros comerciais.

O que mais me choca nem é o baixo salário pago para aquilo que é exigido ao trabalhador, mas as condições desumanas em que muitos trabalham, a pressão psicológica a que são submetidos, os objetivos quase irrealizáveis que os coagem a aceitar.




O trabalho não perdeu somente valor, perdeu sobretudo dignidade. 
E não há sucesso empresarial que possa frutificar sem haver respeito pelo trabalhador, na sua dimensão pessoal, social, afetiva.

É falso pensarmos que a lógica económica impõe a degradação das condições de trabalho. É falso pensarmos que a culpa é do liberalismo, do capitalismo, da competitividade. 

É possível encontrarmos várias empresas, espalhadas pelo mundo, que desmentem essa teoria. Há sociedades que sempre foram ricas, respeitando os direitos dos seus trabalhadores como há sociedades que sempre foram pobres, pensando que chegariam a ricas se baixassem o nível de dignidade do trabalho.
É muito importante colocar mais uns euros no bolso dos trabalhadores portugueses todos os meses, nalguns casos, urgente, mas acho prioritário assegurar a dignidade das condições de trabalho.
Talvez não fosse má ideia que parte das coimas aplicadas às empresas, por desrespeito ao código do trabalho, revertessem a favor dos trabalhadores. Se foram eles os lesados, por que é que é o Estado a arrecadar?

GAVB 

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