Timidamente começa a ganhar
forma na sociedade atual o protesto contra o excesso de conectividade a que estamos
sujeitos. Parece-me um protesto justo, mas com poucas hipóteses de êxito.
Fomos nós que instalamos o
wi-fi nas nossas vidas e ele só está ligado 24 horas por dia porque esse é o
nosso desejo.
“Não perder oportunidades”, “estar em cima do acontecimento”, “saber
as últimas de tudo e de todos” – foram vontades nossas e não dos nossos
patrões; eles apenas aproveitaram a porta aberta que lhes deixamos ao dispor para otimizarem o seu tempo à custa do nosso.
Irrita-nos o abuso, mas fomos
somos que o atraímos, que o facilitámos. É possível que conquistemos esse «tal»
“direito a desligar”, até porque ainda não está instituída a obrigatoriedade de
estar ligado. Durante mais algum tempo será opcional até que nos tornemos
completamente dependentes e viciados. Depois nem será preciso impor nada, pois já estaremos tão habituados à invasão da nossa vida que nem estranharemos.
Apesar de pensar que a
conetividade é já uma inevitabilidade, fazia-nos muito bem uma travagem a fundo,
neste delírio tecnológico, porque a nossa mente não aguentará indefinidamente.
Há ainda uma margem de decisão
que está nas nossas mãos e, por isso, este direito a desligar, que alguns invocam
e reivindicam aos seus patrões, deve ser lido como um alerta que todos devem ter
em conta.
Urge que cada um ganhe consciência do seu dever de desligar, porque daqui a cinco anos pode já ser
tarde.
Em qualquer época a vida
sempre precisou de equilíbrio e esse equilíbrio está em perigo quando deixamos de
comandar a máquina para ser ela a nos comandar.
GAVB
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