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quinta-feira, 16 de março de 2017

QUEM DEVE VOTAR NAS ELEIÇÕES DE UM PAÍS?


Erdogan, o polémico presidente turco, queria ir à Alemanha e à Holanda fazer campanha pelo reforço dos seus poderes na Turquia. 
«Era o que mais faltava!», terá pensado a esmagadora maioria da opinião pública europeia perante esta estapafúrdia ideia de Erdogan.
No entanto, ela só é estapafúrdia porque o presidente turco se tornou num declarado inimigo público da União Europeia quando desencadeou aquele golpe de estado sobre a oposição turca, pois poucos meses antes a Europa de Merkel e Hollande negociavam alegremente com Erdogan sobre o contingente sírio que era preciso travar às portas da Europa.

Erdogan sempre foi aquilo que agora mostra ser: um ditador arrogante, um déspota, um inimigo da liberdade e da democracia, que se ama antes de amar o próprio povo. 
Quem olhasse objetivamente para as suas atitudes intuía isso claramente, mas a Europa dos burocratas precisou que a serpente lhe mordesse o corpo para tomar o antídoto necessário.
Apesar disto, a questão levantada por Erdogan – poder falar aos eleitores turcos que decidirão sobre o aumento dos poderes presidenciais na Turquia – tem de ser discutida.
Faz sentido um turco que vive na Alemanha há vários anos decidir sobre a vida dos turcos que vivem na Turquia? Em que eleições e referendos deviam votar?

É verdade que eles são turcos, mas também é verdade é que muitos deles vivem fora da Turquia há dezenas de anos e grande parte da sua vida foi passada noutros países, no meio de outras culturas. Não deviam eles votar nos referendos holandeses e alemães, já que a sua vida está lá instalada? Não será injusto e pernicioso serem os turcos que vivem confortavelmente na liberdade alemã ou holandesa a decretar mais poderes para Erdogan?

  Claro que esta ideia do voto em referendos (sobretudo) e em eleições ser dado aos residentes tem imensos perigos, mas não me parece mais estapafúrdia do que o pedido de Erdogan em querer fazer campanha na Alemanha ou deixar que sejam os turcos alemães a decidir sobre o esmagamento da liberdade na Turquia.  
GAVB

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