Ainda que a medo, o ME lá disse como pretende fazer a
famigerada flexibilização curricular, onde dará às Escolas a possibilidade de
escolher 25% do Curriculum.
Tal como suspeitava, acho mesmo que serão os
Diretores, mais coisa menos coisa, a decidir o que houver de relevante a
decidir.
Para já a reforma arrancará em projeto-piloto, em algumas
escolas (preferencialmente TEIP), e a convite do Ministério da Educação.
Começa bem,
antes de escolher o que quer que seja, as Escolas começam por ser escolhidas!
O ME é que decide em que Escolas a flexibilização será
implementada. Escolhe as TEIP porque são “território seguro” e já habituado a
experiências educativas.
Acho que os professores serão chamados a trabalhar em
projetos em comum, no fundo a criar/recriar novas disciplinas, mas não terão
nenhum voto na matéria quanto ao seu peso no curriculum das turmas nem quanto à
fundição de disciplinas, nem quanto à maneira como os professores se agruparão
para concretizar os projetos.
Um pequeno grupo (quando não o Diretor) tomará
essas importantes decisões em Julho, depois do acordo do ME, e os professores
que vierem a ser colocados em finais de Agosto executarão, completamente às cegas, o que outros decidiram.
Prevejo que muitas disciplinas ditas teóricas, como História e Geografia, sofram
bastante na diminuição dos seus créditos horários.
A flexibilização é para tornar mais fácil e cómoda a
passagem dos alunos, privilegiando as disciplinas/projetos mais práticos. Não
tenhamos dúvidas!
Ora isto pode ser testado e até executado na grande maioria
das escolas públicas portuguesas, mas manda o bom senso que se comece pelas
TEIP, onde os professores estão habituados a obedecer aos projetos-pilotos e
esfalfar-se por eles até que estes se esgotem ou esgotem os docentes.
Quanto às outras escolas, ou têm resultados nos exames que
as sustentem no curriculum nacional (aquele que ninguém mexerá porque dá acesso
aos principais cursos universitários) ou passam também a modo flexibilização
curricular.
A flexibilização terá, enfim, o que já se tentou fazer encapotadamente
através da dicotomia escola pública/escola privada – uma Escola Pública a duas
velocidades, onde uns estudam para entrar na universidade e ter acesso aos mais
importantes cursos superiores e outros procurarão terminar o ensino
obrigatório com sucesso.
Talvez seja isto o que muitos chamam “cair na real”, ser
pragmático face ao tipo e nível de aluno que temos, mas o que morre, e de vez, é
aquela ideia utópica que a Esquerda tanto gosta de apregoar de uma Escola
Pública de qualidade para todos.
Não é necessariamente mau, mas não é aquele conto de fadas
que nos querem vender.
GAVB
Não vi, nem sei onde viu que as escolas escolhidas serão TEIP, se assim fosse não seria, por certo, uma experimentação!Pelo contrário, uma experiência que antecede o alargamento progressivo nos anos iniciais dos diferentes ciclos, deve ter critérios na escolha do universo de escolas correspondentes ao sistema de ensino, ("territórios prioritários", "escolas de excelência", rurais, urbanas, publicas e privadas"
ResponderEliminarMas alguém duvida que o Ensino tem que ser alterado, que as metodologias devem ir de acordo ao interesse dos alunos?
ResponderEliminarClaro que não.
A forma de fazer, de (NÃO) preparar, de manter currículos extensos que os professores JÁ não conseguem lecionar, e que, logicamente, muito menos lecionarão se destinarem 25% do tempo letivo à interdisciplinaridade, é que está em causa e é preocupante.
Não são previsíveis os resultados?
Neste Agrupamento, ir-se-ão lecionar os conteúdos A,B e C; naquele outro, o tema aglutinador será o Y; mais acolá, os conteúdos M e N ficarão por ministrar… … Porquê??
Porque não há tempo. Porque os professores vão ficar mais sobrecarregados e não tiveram o tal período prévio de discussão dos assuntos (na Finlândia foi de 5 anos), nem lhes foi diminuída a carga curricular, nem ajustado o horário, nem o número de alunos com que trabalharão…
Das duas, uma- ou eu ou a envolvente. Alguém está “fora do contexto.”