Dividir o ano letivo em dois
semestres é uma proposta dos diretores escolares. Parece-me uma boa proposta,
feita com razoabilidade e que pensa a organização do calendário escolar em
função da escola e não das tradicionais festividades religiosas.
Apesar de a ideia ser boa, não
custava nada aos diretores escolares tê-la posta à consideração de professores,
pais, alunos e auxiliares de ação educativa. Estou certo que chegariam à mesma
conclusão, mas com uma legitimidade diferente. Não vale a pena andar
sistematicamente a criticar o Ministério da Educação, que altera regras a meio
do ano letivo sem dar cavaco aos diretores escolares, e depois fazer algo de
semelhante com aqueles que dirigem diretamente.
Feito o reparo, debruço-me
sobre os méritos da proposta. A primeira grande vantagem é não ter períodos de avaliação
assimétricos e que “enganam” professores e alunos face aos momentos-chave na
avaliação dos alunos. A assimetria dos vários períodos escolares desengonçava o
ritmo de aprendizagem dos discentes e isso sentia-se nas escolas portuguesas.
Por outro lado, a atual
fórmula de avaliação é algo perversa, pois muitos alunos chegavam ao terceiro
período com a sua situação escolar, quanto à transição de ano, praticamente
definida, pois dois períodos positivos ou dois períodos negativos davam ao
discente a inclinação mais do que óbvia de qual seria a sua nota. Perante este
cenário, alguns tornavam-se facilmente desleixados, quanto aos seus deveres
escolares, sentido que a positiva já não lhes fugia ou que era pouco possível.
No caso dos alunos com várias negativas, a sensação de que iam repetir o aluno
fazia muitos deles descarregar a sua frustração em comportamentos desadequados,
quando não agressivos e violentos face a colegas, auxiliares e professores.
Com um ano letivo dividido em
dois semestres, todos os alunos “estão em jogo” até final do ano letivo e nenhum
pode dormir à sombra dos louros alcançados, pois uma segunda nota pode
desmentir, por completo, uma primeira avaliação positiva.
Claro que esta possível
alteração, que eu penso pacífica entre a comunidade educativa, há de pôr a
população e os media a discorrer doutamente sobre o assunto (provavelmente para
criticar, pois só assim há polémica e a conversa avança), porque é sabido que
sobre educação e futebol toda a gente sabe como é e se acha no direito de
explicar como se faz.
Perante este possível novo
cenário de organização de ano letivo, é importante perceber que tal acarreta
algumas mudanças lógicas para as quais devemos estar preparados: diminuição das
pausas letivas do natal e da páscoa (muito dificilmente justificaríamos mais de
dez dias no natal e uma semana na páscoa, não havendo reuniões de avaliação),
aumento para dez dias da pausa do Carnaval, pois será sempre por essa altura
que se faria a avaliação do primeiro semestre. No final, os períodos de paragem
seriam semelhante aos que agora temos, mas com uma organização, obviamente, diferente.
Isto destrói a tradição? Claro
que sim, mas todas as tradições começaram por ser… inovações.
Gabriel Vilas Boas
Digam o que disserem, esta suposta mudança, só tem um único objetivo: humilhar ainda mais os professores!
ResponderEliminarSó uma coisinha: quando o Carnaval calha em meados de março, como já tem acontecido, não ficam os semestres muito desequilibrados? É óbvio que sim.
ResponderEliminarNão percebo porque é que os semestres devem estar ligados ao Carnaval. Que tal aproveitar para usar critérios exclusivamente pedagógicos?
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