Ao longo de mais de quarenta anos, o arquiteto figueirense
Vítor Figueiredo projetou vários edifícios, para diferentes funcionalidades. Se
nas décadas de 60 e 70 do século passado começou por privilegiar a habitação
coletiva, já nos anos oitenta a sua arquitetura virou-se para os equipamentos
públicos. No começou da década de noventa projetou a ESCOLA SUPERIOR DE ARTE E
DESIGN das Caldas da rainha, obra que lhe valeu o Prémio Secil em 1998.
A obra de Vítor Figueiredo demorou seis anos a ser
construída e nela o arquiteto nascido na Figueira da Foz pôs toda a sua arte.
Tendo por base a localização do projeto – no meio de um
pinhal -, Vítor Figueiredo definiu o branco como cor elemento unificador dos
vários componentes construtivos (lajes, pilares, vidros, caixilhos de janelas),
conferindo ao conjunto uma unidade abstrata.
A Escola Superior de Arte e Design das Caldas é composta
por dois volumes unidos por um átrio e por uma ponte. Descobre-se primeiro o
volume curvo, que se ergue do solo em robustos pilares à medida que invade o
pinhal, deixando intacta a topografia. Só depois se descobre o segundo volume.
Os circuitos interiores fazem-se através de compridos corredores
que sublinham as perspetivas do espaço canal, pressentido entre os dois grandes
espaços da Escola.
O pinhal está sempre presente no interior do edifício,
filtrando a intensa luz que se reflete no branco omnipresente. À verticalidade
do pinhal, o arquiteto contrapõe aquela imensa nave espacial branca (pilar,
laje, viga, caixilho), na horizontal, criando uma interessante polaridade entre
a natureza o edifício. Vítor Figueiredo toma a altura das árvores como
referência para as proporções que escolheu para o edifício.
O arquiteto figueirense trabalhou durante grande parte da
sua vida em programas de habitação coletiva e nelas aprofundou conceitos como o
da economia de meios, o que lhe permitiu apurar um processo de eliminação do
supérfluo ao mesmo tempo que valorizava a “ideia”, traduzida numa única opção
formal. Com a Escola Superior de Arte e Design das Caldas, inequivocamente uma
das suas obras de referência, essa disciplina aparece com um sentido expressivo
muito pessoal, numa espécie de síntese plena da arquitetura moderna do século
XX, mas também num jogo irónico à
volta do sentido de realidade da construção e respetiva função.
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