Veneza não é uma ilha, mas um arquipélago de 118 ilhas,
separadas por 160 canais que são atravessado por mais de 400 pontes.
O Grande Canal é a artéria principal e nas suas margens
foram construídos os mais belos edifícios da cidade. Uma centena de palácios do
Renascimento e da época barroca foi erigida pelos ricos mercadores venezianos e
mostra a importância que estes comerciantes assumiram quando Veneza se abriu ao
mundo exterior.
A partir do ano 1000, a cidade afirmou a sua supremacia no
mar Adriático e, mais tarde, em todo o Mediterrâneo. Aqui foram criados várias
lojas comerciais até que, nos finais do século XVII, os fluxos continentais
suplantaram os fluxos marítimos. Nessa altura, Veneza desapareceu da cena
comercial internacional.
Hoje, o desaparecimento pode vir a ser total: a Sereníssima poderá ser engolida pelas
águas, vítima das inundações que se multiplicam por causa do alargamento dos
canais, do enfraquecimento do solo veneziano e da subida do nível do mar (seis
mm por ano).
A beleza labiríntica de Veneza evoca em mim o esplendor
perdido da humanidade. Em cada recanto da alma humana há um tesouro escondido
que corre o sério risco de perecer às mãos da boçalidade moderna: o
materialismo, o egoísmo, a falta de civismo.
Por detrás de cada palácio, de cada museu ou teatro há uma
história onde o talento se uniu ao sonho e à riqueza para criar sítios mágicos.
Também em cada ser humano existe uma alma capaz de produzir belos monumentos de
solidariedade, generosidade, amizade. No entanto, a maioria da humanidade
afunda-se num labirinto de incompreensão e ódio, a uma velocidade bem superior
à de Veneza.
gavb
Sem comentários:
Enviar um comentário