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quarta-feira, 8 de junho de 2016

TESTAMENTO VITAL


O melhor que o ser humano pode legar à humanidade é a criação de outro ser humano. O nascimento de um filho é um momento único, inolvidável e marcante no percurso de vida de qualquer mãe/pai. No entanto, há circunstâncias de tal modo especiais que revelam a grandiosidade da alma humana aliada ao avanço da ciência.
Nos últimos anos criou-se o testamento vital para que cada um possa tornar vida, no corpo de outrem, os seus órgãos aproveitáveis no momento da sua morte.
Ontem, a medicina portuguesa pôde celebrar a concretização de um dos mais bonitos testamentos vitais do ano. Um bebé de 32 semanas nasceu no Hospital de São José, em Lisboa, após 15 semanas da morte cerebral da mãe.

Família e médicos decidiram manter as funções vitais da mãe, dada como morta em meados de fevereiro, para que o bebé crescesse e se desenvolvesse dentro do útero materno até chegar à idade em que pudesse sobreviver em ambiente exterior.
É um verdadeiro milagre esta criança ter conseguido, durante quase quatro meses, manter as funções essenciais, como a função respiratória e alimentar, sem o surgimento de uma qualquer infeção que inviabilizasse a sobrevivência do feto.

O esforço dos médicos, alguma sorte, a determinação da família, souberam honrar a memória daquela mãe que não pôde assistir ao momento mais belo da sua curta vida. 
O caso desta criança é um belo poema à vida.
Quando esta criança crescer e ganhar consciência da «sua» história perceberá, certamente, quão importante é saber honrar o maior bem que cada ser humano transporta consigo.
Ao refletir sobre esta história extraordinária não deixo de pensar que talvez a morte não seja necessariamente o fim do que somos, porque o que somos, por vezes, ultrapassa a matéria e, como um sopro mágico, voa literalmente para outro corpo.

Gabriel Vilas Boas

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