O dia 6 de junho de 1944 será sempre recordado como um dos dias mais luminosos da história do século XX, com o desembarque dos Aliados na Normandia, iniciando o resgate da Europa, até então nas mãos do tenebroso III.º Reich de Hitler.
Mais de meio século mais tarde, um dos melhores realizadores de cinema de sempre, Spielberg imortalizou esse momento através do filme “O Resgate do Soldado Ryan”, que devíamos ver e rever com atenção, especialmente aquela impressionante meia hora inicial, onde o momento do desembarque está retratado com uma impressionante e cruel fidelidade.
O resgate da europa e de uma ideia decente de civilização passou pela coragem daqueles homens que resolveram ser literalmente carne para canhão, de modo a permitir que aqueles que as balas alemãs não conseguiam atingir chegassem a posição segura nas praias francesas e desencadeassem o assalto final ao nazismo.
Ver a parte inicial de “O Resgate do Soldado Ryan” é fundamental para perceber o esforço, a generosidade, a perfeita consciência de que se ia morrer em prole de um guerra que não se quis travar, mas teve que se travar.
O filme deriva depois para o resgate de um soldado anónimo, James Francis Ryan, cujos irmãos haviam falecido em combate e cuja vida os comandantes determinaram o resgate para aplacar a dor de um mãe, prestes a ser confrontada com a notícia da morte de três dos seus quatro filhos.
Para resgatar James Ryan, um grupo de experientes e valentes soldados aliados lutará bravamente contra ferozes alemães, perdendo vidas e equipamentos, mas cumprindo a sua missão.
Vencer a Segunda Grande Guerra Mundial foi resgatar a europa do totalitarismo nazi, mas sobretudo resgatar o mundo de uma ideia perniciosa de humanidade, onde não havia lugar para judeus nem aleijados nem doentes.
Spielberg metaforizou esse resgate da humanidade no resgate do soldado Ryan. Era preciso devolver àquela mãe, pelo menos, um dos filhos que ela emprestou a um ideal de sociedade. E nesse sentido todos os esforços são justificáveis, porque a vida de um soldado é uma preciosidade, apesar de estar inteiramente à disposição da guerra e da morte.
Por momentos, recordei a famosa frase de Estaline – “Uma morte é uma tragédia! Um milhão de mortes é uma estatística!”. Retirei-lhe toda a fria hipocrisia e desumanidade com que o nefasto líder comunista a proferiu e sorri para a história de James Ryan. Todos nós somos um bocadinho herdeiros daquele Ryan resgatados às trincheiras inimigas; todos nós temos um eterno obrigado a dizer aqueles bravos soldados aliados que no dia 6 de junho de 1944 desembarcaram na Normandia e permitiram mais de setenta anos de paz e liberdade na europa ocidental.
Gabriel Vilas Boas
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