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sábado, 18 de junho de 2016

FALTAM RECURSOS OU FALTAM PRINCÍPIOS?

 Os dois, obviamente, mas como diria um amigo, desde que haja vontade, o dinheiro aparece. Para a falta de princípios é que o remédio é mais raro.
Adriano Moreira dá hoje uma entrevista ao DN que é uma autêntica aula de humanismo e lucidez. Na parte final da entrevista, o jornalista questiona-o sobre o Estado Social e o antigo líder do CDS explica como o Estado Social não é contrário aos mercados, à iniciativa privada, mas a sua marca de água são os valores.
Um Estado é antes de mais uma sociedade e esta define-se pelos seus valores. É em redor deles que se organiza, que faz sacrifícios, concessões e, sobretudo, toma opções.


É certo que Portugal não tem dinheiro. O que faz é endividar-se mais e mais. O problema é que se endivida para salvar bancos de gente corrupta. Salva aquilo que não merece ser salvo, porque se perdeu propositadamente. O que lucraram os portugueses com o Novo Banco, com o dinheiro injetado e perdido no Banif ou com a incorporação do BPN na Caixa Geral de Depósitos? Viram os seus salários diminuir 20%, os impostos aumentarem em bens essenciais, muitos concidadãos ficarem no desemprego. E agora veem a CGD a precisar de uma injeção de capital brutal, porque anteriores administrações andaram a conceder créditos malucos a amigos do poder, que sabiam que jamais seriam pagos.

E se esse dinheiro tivesse sido aplicado no Estado Social? Toda a gente diria que tinha sido um regabofe de facilidades e que agora estávamos todos a pagar com língua de palmo tamanha irresponsabilidade. Provavelmente os mesmos que acham impossível aumentar 1 euro por dia ao ordenado mínimo, mas absolutamente entendível que o Estado 150 milhões de euros anuais em análises clínicas e mais de 100 milhões em financiamento de escola privadas, quando manda fechar as públicas e despede professores.
Por que não se pergunta nessa altura se há recursos financeiros para tal? Haver há, aumenta-se o valor do empréstimo, que os pobres coitados que ganham 600 euros podem esperar mais uma década até que alguém lute muito para que passem a ganhar mais um euro por dia.

Caro doutor Adriano Moreira, talvez a sua suspeita sobre os princípios que regem os dirigentes políticos portugueses seja infundada. Os políticos portugueses e quem os elege têm princípios, o problema é que eles começam no “Eu” e não passam daí. Eles sabem Maquiavel de cor e salteado: os fins justificam os… princípios.

Gavb

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