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terça-feira, 7 de junho de 2016

ALUGA-ME A TUA BARRIGA


Está por horas a tomada de posição do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, sobre a chamada lei das “Barrigas de Aluguer”, ou como pomposamente foi designada “Maternidade substituição”.
Paulatinamente o Bloco de Esquerda lá vai impondo ao governo PS a sua agenda fraturante, mas absolutamente não prioritária, e o governo lá lhe vai fazendo a vontade, porque as vontades do Bloco custam bem menos que as exigências do PCP. O mais curioso é que a lei passou na Assembleia porque Passos Coelho e duas dúzias de deputados laranjas, envergonhadamente, assinaram por debaixo o projeto-lei da Maternidade de Substituição, que permite, grosso modo, que uma mulher desenvolva e gere o feto que há de ser o filho de outra mãe e outro pai. Aplica-se a casais com problemas de infertilidade e pressupõe o acordo de todos os intervenientes quanto à paternidade/maternidade da criança a gerar bem como quanto aos direitos legais sobre o bebé.

O Presidente já fez saber que a lei está mal-amanhada, pois não acautela dois aspetos tidos pelo Presidente como fundamentais: o que fazer quando uma das partes muda de ideias sobre o processo (uma das mulheres já não quer levar a gestação por diante) e o que fazer quando a criança nasce com deficiências e ninguém quer assumir as responsabilidades parentais.
As dúvidas de Marcelo são mais que legítimas e nada têm que ver com um juízo de valor moral sobre a proposta bloquista. Provam, isso sim, que a lei foi feita sem o devido cuidado.

Sobre esta iniciativa legislativa do arco da maternidade de substituição (PSD, PS, BE – quem os imaginou ver juntos na aprovação de qualquer lei?), a minha opinião é que ela não era nada prioritária e apenas corresponde aos anseios de uma minoria minúscula. Os casais inférteis têm outras possibilidades de serem pais, como por exemplo a adoção, cuja regulamentação deve ser urgentemente aperfeiçoada.
Estou em crer que o aproveitamento que a população fará desta lei será insignificante e que em breve aparecerão alguns problemas legais para resolver.

A maturidade política de um partido também se vê nas leis que promove e nas prioridades legislativas para que trabalha. Nesse sentido, o Bloco de Esquerda ainda tem muito que aprender com o PCP sobre a diferença entre uma lei necessária ou uma lei in.

Gabriel Vilas Boas

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