Se somos capazes de nos
deslocar a uma cidade europeia para ver um jogo de futebol que passa em todas
as televisões do mundo, também devemos ser capazes de nos deslocar a uma capital da Europa para apreciar as melhores gravuras de um pintor de excelência, como é Caravaggio,
quando um Museu as reúne, para gáudio dos apreciadores de arte, apesar de
múltiplas reproduções dessas obras passearem pela internet. Como diriam os
apreciadores do futebol, ao vivo é outra coisa!
Doze dos melhores quadros do
pintor italiano Caravaggio estão, durante o verão de 2016, à disposição dos visitantes
do museu Tyssen-Bornemisza, em Madrid, em paralelo com mais de quatro
dezenas de quadros de Pintores do Norte da europa que se inspiraram em
Caravaggio. Também por isso, a proposta do Thyssen-Bornemisza é
interessantíssima. Além de perceber toda a modernidade, estilo e técnica de um
pintor extraordinário, é possível entender como este influenciou pintores tão
famosos como Vermeer, Velasquez e Rembrandt.
Esta exposição do museu
madrileno é a mais importante mostra de Caravaggio fora de Itália alguma vez
realizada. Os apreciadores do milanês podem confirmar in loco o inimitável
claro-escuro que Caravaggio consegue expressar como nenhum outro pintor, assim
como a maneira como liga profano e sagrado na sua obra, ao inspirar-se em
figuras mundanas para retratar personagens como Maria, os apóstolos e os
santos.
Quem for ao Thyssen durante
este verão verá um Caravaggio que explora tanto a violência e a morte como o
amor e a penitência.
O pintor controverso e de vida
curta revela nos seus quadros uma enorme capacidade de surpreender, de se
superar, inovando na técnica e no estilo, mas conseguindo quase sempre pintar
obras maravilhosas e únicas. Tão únicas que é muito difícil convencer os curadores
do Hermitage, da galeria Uffizi de Florença ou do Metropolitan de Nova Iorque a
libertarem as pérolas de Caravaggio que lhes pertencem. Felizmente, Guillermo
Solana conseguiu-os convenver e por isso é possível desde o início desta semana
ver raridades de Caravaggio como “A Adivinha” ou “O Martírio de Santa Úrsula”.
Gabriel Vilas Boas
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