Estreou esta semana “Money Monster” – um filme perturbador, arrebatador e intenso sobre um tema intemporal: o poder destruído do dinheiro.
Interpretado por George Clooney, Julia Roberts, Jack O’’Connell, Money Monster afirma a bela Judie Foster enquanto realizadora, quatro décadas depois da sua precoce estreia como atriz em Taxi Driver. Fosster propõe-nos um filme sobre a fraude do sistema financeiro através de um drama intenso, onde o desespero de um pobre homem, que perdeu todas as poupanças que a mãe lhe deixara, como herança no jogo da bolsa, leva-o à loucura de enfrentar um monstro sem rosto – a ganância.
Em Money Monster não há quem seja 100% culpado nem quem seja 100% inocente, mas há personagens com quem instintivamente simpatizamos, outras que odiamos visceralmente e aquelas a quem acabamos por desculpar.
O grande trunfo do filme é que nos envolve como se também nós nos sentíssemos espetadores involuntários daquele sequestro do rosto mediático da fraude e também nós quiséssemos saber – De onde vem e para onde vai o dinheiro que todos os dias se perde e se ganha na bolsa?
No final, percebemos que esse dinheiro vem da pequena ganância que habita todo o ser humano e vai, quase sempre, para uma conta secreta do dono de uma dessas empresas fantasma que se anuncia muito sólida mas na verdade treme como gelatina e está cheia de ar.
Lee Gates (G. Clooney) é o apresentador do programa televisivo Money Monster, onde dá dicas sobre o mercado financeiro, num estilo popstar, próprio do jornalismo sensacionalista dos tempos modernos. Um dia, um desconhecido (Jack O’’Connell) invade o programa quando este estava a ser gravado e exige a cobertura em direto do sequestro, sob pena de atingir mortalmente o famoso apresentador. E só nessa altura é que a equipa de “Money Monster” vai à procura de respostas sólidas sobre a empresa, que provocou a perda de 800 milhões de euros a pequenos investidores, e descobre um esquema fraudulento, muito bem arquitetado e vendido a preceito pelo programa “Money Monster”.
Fazer-nos perceber como grandes abstrações da economia global (futuros, flutuações do mercado, mercados) é uma das grandes virtudes desta película. Outra é obrigar-nos a refletir como a informação que nos disponibilizam nem sempre é a mais pura e bem-intencionada.
Money Monster foi traduzido como Jogo do Dinheiro, sugerindo o jogo do mercado bolsista, mas eu retenho a tradução literal – O Monstro Dinheiro. No início não passa de uma brincadeira pueril, um jogo, mas rapidamente assume formas monstruosas, diabolizando-nos a vida.
Quase sempre se perde quando se luta contra um monstro. Ele só é enganado quando enfrenta uma espécie de loucura inteligente e isso, como todos nós sabemos, é uma improbabilidade matemática.
Gabriel Vilas Boas
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