David Sualehe é o nome de um jovem jogador
de futebol, de 19 anos, que nasceu em Moçambique e joga no Futebol Clube do
Porto. No domingo passado viu-se envolvido numa polémica a propósito das comemorações
da vitória do Benfica no campeonato nacional de futebol e respondeu, durante a
semana, com uma grandeza, sabedoria e inteligência fora do comum que me
encheram de alegria.
A história é simples e conta-se em poucas
palavras: David Sualehe estava com duas amigas benfiquistas à hora em que estas
comemoravam a vitória do seu clube, no domingo passado. Ambas se fizeram
fotografar na festa encarnada e na mesma foto figurava também o amigo que as
acompanhava no carro. A foto foi parar às redes sociais, onde fanáticos adeptos
do Porto (podiam ser do Benfica, do Sporting, do Braga ou do Guimarães que
também os há em igual medida e com igual ódio irracional) fizeram questão de
despejar toda a sua indignação por um dos seus estar a comemorar a vitória do
rival. David não estava a comemorar a vitória de nenhum rival, David estava com
duas amigas, mas gente que vive no ódio e provavelmente nunca gostou a sério de
desporto nem do seu clube é incapaz de entender isto.
Foi então que sugeriu, para mim, o melhor
da história: a intervenção madura deste jovem de 19 anos que, através de um
post colocado nas redes sociais, disse tudo o que há muito devia ter sido dito
por comentadores desportivos, dirigentes de clubes e até atletas:
«Tenho muito carinho e respeito ao emblema
que carrego. Mas isto não invalida de estar com amigos/as adeptos de outros
clubes.»
Não foi um jogador do Porto a festejar com
duas amigas, mas três amigos juntos num carros como vos acontece, certamente. E
isto nada tem a ver com clubismos! Amizade não tem cor, religião ou clube…»
«Fico triste pelas pessoas se acharem no
direito de determinarem a liberdade de cada um. O que posso ou não fazer. O que
posso ou não dizer. Fico mesmo triste por saber que existem pessoas mais donas
dos outros que de si próprias e, principalmente, por não perceberem que antes
de jogador, sou filho, amigo e irmão.»
Como foste enorme David. Como te agradeço
que tenhas, com tão sábias e maduras palavras, derrotado esse imenso Golias que
espuma ódio, incompreensão e intolerância sobre todos aqueles que não são das suas cores e não os deixam comemorar como têm direito.
Como certamente já
ouviste os adeptos do Liverpool cantar: You ‘ll never walk alone.Gabriel Vilas Boas
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