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quinta-feira, 19 de maio de 2016

A EXECUÇÃO DE ANA BOLENA, 1536


Em 1536, ANA BOLENA, a rainha consorte de Henrique VIII e mãe da futura rainha Isabel I, tinha sido julgada e declarada culpada de cometer adultério com um músico, Mark Semeaton, e um palafreneiro, Henry Norris, e de manter relações incestuosas com o irmão, George, visconde de Rockford. Em devido tempo, outros nomes foram acrescentados à lista das supostas ligações adúlteras.
Ana foi julgada e considerada culpada a 15 de maio, num julgamento presidido pelo seu tio, Thomas Howard, conde de Norfolk; os seus alegados amantes foram executados dois dias depois.
Após a anulação do seu casamento, Ana foi executada em 19 de maio, com uma espada especial e um carrasco que Henrique VIII trouxera de Calais. Tratou-se uma intervenção “misericordiosa” do rei, pois o adultério da rainha era considerado traição e a pena habitual para os traidores do sexo feminino era a morte na fogueira.

Assim terminou um casamento que fora a causa da rutura do rei com a Igreja de Roma. Na manhã seguinte, Henrique ficou noivo de Jane Saymour, que era dama de honor de Ana. O corpo de Ana Bolena foi enterrado numa sepultura não identificada.
Charles Wriothesley descreveu assim aquele momento terrífico na história de Inglaterra:
«Às oito horas da manhã, Ana Bolena, rainha, foi levada para execução, para o relvado da Torre de Londres, junto da grande Torre Branca. […] Num cadafalso ali construído para a sua execução, a rainha Ana falou assim: “Senhores, submeto-me humildemente à lei, pois a lei me julgou, e quanto aos meus crimes, não acuso nenhum homem; Deus conhece-os; entrego-os a Deus, rogando-Lhe que tenha misericórdia da minha alma e suplico-Vos: Jesus, salvai o meu soberano e senhor rei, o príncipe mais devoto e gentil que existe, e deseja reinar sobre vós.”

Estas palavras foram pronunciadas com uma fisionomia admirável e sorridente; e dito isto ela ajoelhou-se e disse: “A Jesus Cristo encomendo a minha alma!”; e de repente o carrasco cortou-lhe a cabeça com um golpe de espada.»




As palavras de Ana Bolena são de uma dignidade, elevação e grandeza surpreendentes. Talvez a expressão da sabedoria que muitos alcançam na hora da morte. Uma sabedoria que Henrique VIII, o rei mais conhecido e polémico que os ingleses tiveram, nunca teve.

Na verdade não foi Ana Bolena a causa principal do afastamento dos ingleses do catolicismo, mas a soberana soberba de Henrique VIII que se julgava um deus na terra. Demorou pouco tempo para Ana perceber quanto volúveis e perigosas são as paixões dos homens.

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