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segunda-feira, 23 de maio de 2016

CRUZES CANHOTO


«- Ai tu és canhoto?!»
Pois sou! Eu e uma imensa minoria, que se faz notar por esse mundo fora também por ser esquerdina. Que o digam génios da bola como Maradona ou da ciência como Leonardo Da Vince ou da física como Albert Einstein ou da pintura como Miguel Ângelo.
Nós, canhotos, gostamos de apresentar estes cartões-de-visita para demonstrar que não temos nenhum pacto com o diabo nem com a mediocridade, apesar dos italianos dizerem que a nossa mão preferida é a “sinistra”.

Isto de ser canhoto ou destro não foi escolha nossa. É genético! Diz um estudo das universidades de Oxford, Bristol e Andrews, e provavelmente deve-se ao facto de um dos nossos pais (ou mesmo os dois) serem canhotos. Segundo um estudo científico, é a interação entre o património genético e o ambiente intrauterino que determina a lateralidade. Depois há um gene altamente suspeito – o PCSK6 – que dizem ter posto alguns a escreverem com a mão esquerda.
Sobre os canhotos há muitas histórias, algumas mirabolantes e do domínio da efabulação, outras mais sérias e do domínio da ciência. 

No entanto, quer umas quer outras são deveras curiosas. Uma delas diz que os esquerdinos ganham 10% ou 12% menos que os destros. Uma injustiça pegada até porque é vox populi que os canhotos são mais inteligentes e criativos.  
Estes dois fatores deixam-me mais descansado quanto ao futuro da América, pois é altamente improvável que Donald Trump seja esquerdino e por isso as suas hipóteses de suceder ao canhoto Obama são diminutas. É que quatro dos últimos sete presidentes dos EUA escrevem com a mão esquerda.
Se a carteira dos esquerdinos está injustamente mais vazia que a dos destros, outros fatores há que os compensam. Um estudo da loja de brinquedos eróticos Lelo afirma que os canhotos são cinco vezes mais satisfeitos sexualmente que os destros. 

Estudos anteriores já tinham provado que os canhotos recebem mais testosterona quando estão no útero materno e isso fá—los mais dominadores na cama. Esses estudos referem mesmo que 86% dos canhotos se dizem “extremamente satisfeitos” no que à sua vida sexual diz respeito enquanto a percentagem dos destros não ultrapassa os 15%. Bill Clinton devia ter evocado estes estudos em sua defesa. Bastava ter dito “Sou canhoto! O que é que estavam à espera?” que toda a gente entenderia! Como disse atrás, esta coisa de ser canhoto é genético, não se compra no supermercado…

Não sei se por excesso de criatividade ou de atividade, a verdade é que os esquerdinos vivem menos que os destros. Nove anos – quase uma década! Além disso, têm seis vezes mais probabilidade de sofrerem acidentes mortais que os destros. Qualquer dia anulam-me o seguro de saúde.

Se ser esquerdino pode ser um perigo, também pode ser um problema. O investigador Joshua Goodman defende que os canhotos têm mais problemas de fala e comportamento, nas escolas, do que os destros. Talvez porque as suas emoções estão invertidas no cérebro. É isso mesmo que se conclui outro estudo, que refere que os canhotos processam as informações do lado oposto do cérebro que os destros. Durante anos pensou-se que a motivação era processada sobretudo do lado esquerdo do cérebro… mas nunca se provou tal. O que se demonstrou foi que os canhotos processam mais rapidamente estímulos cerebrais.
Agora que todos vocês já estão fartinhos de “esquerdices”, eis a minha conclusão absolutamente (im)parcial: um canhoto é uma espécie rara e muito preciosa: mais criativo, mais inteligente, mais barato, mais fácil de despachar e uma melhor garantia de “extrema satisfação”.

Gabriel Vilas Boas

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