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domingo, 15 de maio de 2016

TENTAÇÕES NO CONVENTO


Talvez haja outras mas a únicas tentações conventuais disponíveis no mercado são… os doces. Este fim-de-semana provocaram os sentidos dos amarantinos que visitaram os claustros do Mosteiro de São Gonçalo.
Apesar da fraca publicidade do evento, milhares de pessoas percorreram os vários stands de does conventuais portugueses. O maior destaque foi dado apos doces conventuais da cidade de Amadeo de Souza Cardoso, com todas as pastelarias de referência da cidade a marcarem presença com o quinteto maravilha da doçaria conventual amarantina (lérias, foguetes, papos de anjo, brisas do Tâmega, São Gonçalos) e outros apontamentos gulosos inovadores como o “frade” e a “freira” da Pastelaria Mário.



Por entre propostas de licores tentadores (o Licor de Lamego sugeria provas gratuitas de alguns dos seus esplêndidos licores. Provei o “Licor Tentação” e percebi a razão de ser do nome, enquanto a dona, orgulhosa, me explicava o magnífico design das garrafas e dos rótulos), as melhores escolas da doçaria conventual portuguesa marcavam presença: o pão-de-ló de Margaride olhava de lado o irmão molhado de Ovar; os doces conventuais de Alcobaça (Que oferta: queijadas de Santa Maria, Encanto das Monjas, Pudim de Cister, Sua Santidade…) tinham dois representantes; os ovos-moles de Aveiro apresentavam oferta robusta em caixinhas de design colorido; as paciências das irmãs clarissas do Louriçal chamava atenção pela sua inesperada combinação de vinho do Porto e noz; a surpreendente doçaria eborense convivia paredes meias com os celebérrimos pasteis Tentúgal sem conflito de interesses; da serra algarvia um simpático casal trazia licores e D. Rodrigos com fartura, exponenciando o inconfundível sabor dos figos, alfarrobas, poejos e amêndoas algarvias.


As propostas da 11.ª Feira de Doces Conventuais de Amarante são uma tentação e merecem mais público. Muito dele acorreria ao evento se dele tivesse conhecimento. Durante a manhã de hoje falei com quase todos os expositores e alguns lamentaram a pouco publicitação da feira, o que se traduziu num baixo volume de vendas. A qualidade dos produtos apresentados (por exemplo, a Casa das Encosturas, em Cabeceiras de Basto exibia com orgulho duas compotas premiadas em Inglaterra) merecia uma promoção mais eficiente quer da organização quer da própria edilidade amarantina, pois esta Feira tem tudo para se tornar uma referência nacional dentro deste tipo de produtos.
As tentações saíram do convento: gostosas, misteriosas e irresistíveis, as tentações conventuais querem que os portugueses se percam (e pequem) por elas. Provavelmente, os doces conventuais são o pecado mais santo que existe.
Gabriel Vilas Boas


  

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