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sexta-feira, 27 de maio de 2016

AO SUL, de Isabel Silvestre


Há duas décadas, quando fazia a bonita idade de cinquenta anos, Isabel Silvestre lançava uma das suas mais belas canções – AO SUL. Tendo como pano de fundo musical a sonoridade dos instrumentos tradicionais portugueses, Isabel emprestou a uma letra sensível e delicada, a sua voz cheia de ternura e amor, nascida na serra da Freita.
Isabel é muito mais que aquela pronúncia do norte que Reininho trouxe a Lisboa, Isabel é a voz daquele Portugal doce e ternurento que tem “dois braços aberto / que se rende / que se dá / De uma só vez / Por Amor”.

É a beleza doce da voz de Isabel Silvestre que leva o meu pensamento até à planície alentejana, essa maravilha silenciosa do sul, onde muitas vezes procuramos o norte. 
Entre o remorar do vento batendo o trigo, sorvo aquele sol morno e oiço o silêncio apaziguador.
E dentro de silêncio soam límpidas e sábias as palavras de Isabel Silvestre: “Cada um tem a sina que tem/ E os caminhos são sempre de alguém”. Sim, os melhores objetivos da vida têm sempre uma pessoa lá dentro. É por ela que corremos e lutamos; é por ela que vamos além do horizonte e fazemos sacrifícios inesquecíveis.
Até que o tempo nos obrigue, “por amor”, a cortar os frutos que criámos, a podar, pela raiz, os ramos que estendemos à vida num abraço que sonhamos não mais desfazer.
 O lado B dos sonhos é que também os eles têm fim. E talvez assim tenha de ser para que aqueles que foram o nosso sonho possam viver o «seu» dia azul. Eles “têm desejo de partir, pelo prazer de chegar”; nós ficámos “sobre as águas desse rio de saudade, onde a barca dos sentidos nunca partiu”.
GAVB

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