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terça-feira, 17 de maio de 2016

SINDICALISTA, AMIGO, O TRABALHADOR AINDA ESTÁ CONTIGO?


Nas últimas décadas, o movimento sindical tem perdido fôlego e há cada vez menos trabalhadores sindicalizados. Muitas pessoas acham que os sindicatos são desnecessários, criticam-nos com rudeza, desprestigiam os seus líderes, acham que são uma força de bloqueio ao desenvolvimento económico do país.
É frequente ouvirmos, “aquele comuna do Mário Nogueira está sempre contra o governo! Nunca deu aulas! Está há demasiado tempo na Fenprof. Os professores só perdem em terem um líder assim.”

A questão é pertinente: os sindicatos fazem sentido num mundo económico globalizado? Na minha opinião, mais do que nunca. As condições de trabalho têm-se degradado muitíssimo nos últimos anos e os sindicatos pouco mais fazem do que aguentarem o dique, ou seja, resistirem, com muita dificuldade à enxurrada de precariedade, atropelo às mais elementares leis laborais, desemprego galopante.
Como estaríamos nós se não houvesse sindicatos? Muito melhor? Que trabalhadores, públicos e privados, acreditam nas boas intenções dos seus patrões quanto à manutenção dos postos de trabalho quando há recessão económica? É ou não é verdade, que, quando há lucros, estes se dividem pelos patrões (acionistas) e quando há prejuízos se despedem pessoas?

No entanto, se os sindicatos são assim tão essenciais aos trabalhadores, por que razão há cada vez menos trabalhadores sindicalizados? A que se deve a crescente descrença dos trabalhadores na força dos seus sindicatos?
Os sindicatos pararam no tempo! As reivindicações das direções dos sindicatos, ainda que justas, são muitas vezes irrealistas, face ao contexto. Depois ainda há que contar com a nefasta influência política nos sindicatos. Os trabalhadores são de todos os partidos e não de um só partido. A direção dos sindicatos, sejam eles de professores, médicos ou maquinistas da CP, têm de perceber que a ligação a um ideário político só fragiliza a posição dos trabalhadores. Assim como estar sempre contra, porque sim.

A força dos sindicatos está na oposição firme e no acordo consciente. Acresce ainda que há muito a negociar além do aumentozinho do salário.  Cabe aos sindicatos explicar à população que há entidades patronais que podem e devem alargar o menu de regalias dos seus trabalhadores porque tal se justifica, porque tal é da mais elementar justiça e porque isso traz vantagem económica para todos.
Um sindicato de trabalhadores não pode estar sempre de mão estendida ou sempre a dizer que o patrão X ou Y é péssimo. Assim é impossível haver clima para acordos.
Cabe também aos sindicatos fazer outra reflexão: as lideranças têm de se renovar. Não podemos ter o mesmo líder anos a fio. Ainda que tenha havido eleições, ainda que não apareça melhor, há que dar a vez a outros por moto próprio. O trabalhador não pode fazer do sindicalismo um emprego, mas uma missão.
Em suma, acho que os sindicatos são necessários há vida económica e social das populações, mas precisam urgentemente de se reinventar, porque como estão caminham perigosamente para o definhamento e com isso toda a gente perde. Até os patrões, apesar de eles acharem que quanto pior melhor!

Gabriel Vilas Boas

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