Faz hoje precisamente quinze anos que morreu Amália Rodrigues, o expoente máximo do fado. Amália trouxe para o fado poemas de grandes autores portugueses. Com a sua belíssima voz, cantou a poesia de Camões, Bocage, Pedro Homem de Mello, David Mourão Ferreira, Manuel Alegre, Alexandre O’Neill e outros. Sem a voz de Amália nunca alguns poemas se tornariam tão conhecidos e populares. Alguns escreveram propositadamente para Amália cantar, enriquecendo o seu repertório e dando à sua voz as palavras certas e delicadas que a música acabava por adornar e emoldurar. A parceria com o compositor Alain Oulman, que compunha e musicava muitos dos poemas que Amália cantava foi sempre muito profícua.
Amália teve uma grande projeção internacional, levando o nome de Portugal aos quatro cantos do mundo e por isso mesmo lhe atribuíram o epíteto de melhor embaixadora de Portugal no mundo. Foi uma mulher forte, corajosa, lutadora e que cantava a saudade com a saudade que realmente sentia, com alma, entrega e determinação. Levou longe a nossa língua e a nossa cultura.
Tornou-se um ícone do fado, ao usar sempre vestidos compridos pretos e xailes negros por cima. Esta imagem tornou-se uma imagem de marca das fadistas da época. Adoptou também uma nova postura no fado, ao interpretar as canções colocando-se em destaque, à frente dos guitarristas.
A casa onde viveu, na Rua de S. Bento, em Lisboa está transformada em Casa-Museu e assim os seus visitantes podem conhecer o ambiente em que Amália viveu e apreciar os seus objetos pessoais tais como vestidos, joias, quadros e tapeçarias. Para além desta casa em Lisboa, Amália gostava muito do litoral alentejano e ali construiu uma casa com vista para o mar na aldeia do Brejão, onde descansava durante largas temporadas e após as suas extenuantes tournées pelo estrangeiro. Esta casa, projetada pelo arquiteto Conceição e Silva na década de 60 está agora aberta ao público como casa de turismo rural.
O que é importante hoje, após os 15 anos da sua morte, é que a sua voz continua a ouvir-se nas inúmeras gravações discográficas que nos deixou. E se há uma canção nacional, a nossa, sem dúvida nenhuma, é o fado. Amália continua a ser uma referência para os fadistas da atualidade e não raras vezes ouvimos as canções que Amália cantou na voz de jovens e talentosos fadistas.
Que se continue a ouvir Amália sempre.
Para audição, proponho Povo que lavas no rio, poema de Pedro Homem de Mello e música de Joaquim Campos para a voz única de Amália.
Margarida Assis
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