Quando me perguntam qual a música de que me mais gosto, aquela que mais profundamente me comove, a minha resposta é MY WAY, de Frank Sinatra.
É uma música soberba! Nela tudo combina duma maneira absolutamente admirável: a letra, a composição musical, a voz. A voz de Sinatra dá alma e carisma à música. Todas as sensações e emoções que experimentamos ao ouvir My Way devem-se, em grande, parte à voz inimitável do popular cantor americano.
Talvez por isso nunca me aborreceu muito saber que Sinatra fez o seu My Way a partir da canção francesa de Claude François Comme d’habitude, nem que foi Paul Anka a escrever a letra. As inúmeras versões que se seguiram apenas confirmam quão extraordinária é esta música dos anos 60. Este é, nitidamente, um caso em que a interpretação é determinante para a paixão que a canção gerou em milhões de pessoas de várias gerações e geografias.
É uma música em que o cantor faz o balanço da sua vida, para concluir que ela valeu a pena porque a viveu à sua maneira.
O começo e o final da canção criam uma atmosfera emocional bastante forte:
“And now the end is near
(...)
And did it my way
Yes, it was my way.”
Em breves segundos, a vida que construímos invade, melancolicamente, o coração, a alma e a memória e percebemos o que valeu e não valeu a pena.
Sinatra diz que VIVER é fazer as coisas à nossa maneira. Não é uma questão de dever cumprido, de segredo de vida, mas de realização pessoal.
As falhas, os arrependimentos, as derrotas não fazem tanta mossa quando sabemos que fizemos o que tinha de ser feito, ou seja, fomos genuínos.
Impressionante como a voz de Sinatra nos transporta para esse reencontro connosco. E naquelas palavras simples, mas cheias de profundo significado, percebemos, claramente, os erros, as vitórias, as indecisões.
No entanto, My Way é uma música triste e nostálgica. Ainda que afirme orgulho no passado, não tem futuro. Ela é o fim, a despedida, o remate final. Ouvimo-la em silêncio, comovidos, muitas vezes com lágrimas prontas a irromper e a garganta apertada.
O My Way é a poesia do fim, a mais bela despedida que a música imaginou para a vida. Quando a ouvimos, percebemos claramente Louis Armstrong – What a wonderful life!, que nos escapa entre os dedos, até porque Sinatra já tinha avisado desde os primeiros acordes que the end is near e a gente tem saudades de tudo aquilo que deixou por fazer à … nossa maneira.
Gabriel Vilas Boas
Gosto da música e gosto do texto. :)
ResponderEliminar