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sexta-feira, 31 de outubro de 2014

ALCINO SOUTINHO, O SEDUTOR DOS ESPAÇOS




Alcino Soutinho foi um dos mais renomados arquitetos portugueses do século XX. Há cerca de um ano deixou-nos para sempre, mas a sua obra perdurará em várias cidades e vilas portuguesas, fazendo jus a uma arquitetura moderna, realista e confortável.
        O que mais ressalta na obra do arquiteto nortenho é a sua preocupação em tornar os espaços que idealizou sítios confortáveis, agradáveis e belos.
            Soutinho começou a pôr em prática as ideias da famosa Escola do Porto ainda na década de cinquenta, optando por iniciar a carreira em regime livre, mas volvidos poucos anos resolveu aprofundar os seus conhecimentos em museologia, em Itália, aproveitando uma bolsa da Fundação Gulbenkian. Este contacto com os arquitetos italianos e os conhecimentos que adquiriu sobre arquitetura museológica deram os seus frutos na década de setenta quando concluiu a sua primeira grande obra: o Museu Amadeo Souza-Cardoso, em Amarante, e os Paços do Concelho, na mesma cidade. Este trabalho mereceu o reconhecimento da crítica e culminou com o Prémio da Associação de Críticos de Arte – Secção Portuguesa.


O aumento de prestígio rendeu-lhe novo grande projeto: a recuperação do antigo Castelo de Vila Nova de Cerveira que Soutinho converteu na Pousada D. Dinis e que lhe renderia novo prémio: Prémio Europa Nostra.
Apesar de ter trabalhos espalhados um pouco por todo o país, o melhor da obra deste arquiteto gaiense situa-se na área metropolitana do Porto. Matosinhos recebeu duas das suas obras mais emblemáticas: a Câmara Municipal e a Biblioteca Florbela Espanca. A edilidade matosinhense reconheceu o magnífico trabalho de Soutinho e agraciou-o com a Medalha de Mérito da Cidade, o mesmo acontecendo na sua terra natal.



Além destas obras mais conhecidas, Alcino Soutinho assinou trabalhos como a Casa Museu Guerra Junqueiro, no Porto; alguns edifícios da Universidade de Aveiro (Departamento de Química e Departamento de Cerâmica e do Vidro), o Museu do Neo-Realismo em Vila Franca de Xira e o Centro de Estágio do Futebol Clube do Porto, em Gaia, uma das poucas obras que projetou na terra onde nasceu.
O melhor que podemos fazer para homenagear este incansável arquiteto com mais de cinquenta anos de atividade é apreciar a sua obra, reparar como a integrou no espaço e no tempo e perceber como foi tão multifacetado e moderno.


Gabriel Vilas Boas

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