Alcino
Soutinho foi um dos mais renomados arquitetos portugueses do século XX. Há
cerca de um ano deixou-nos para sempre, mas a sua obra perdurará em várias
cidades e vilas portuguesas, fazendo jus a uma arquitetura moderna, realista e
confortável.
O que mais ressalta na obra do
arquiteto nortenho é a sua preocupação em tornar os espaços que idealizou sítios
confortáveis, agradáveis e belos.
Soutinho começou a pôr em
prática as ideias da famosa Escola do Porto ainda na década de cinquenta,
optando por iniciar a carreira em regime livre, mas volvidos poucos anos
resolveu aprofundar os seus conhecimentos em museologia, em Itália,
aproveitando uma bolsa da Fundação Gulbenkian. Este contacto com os arquitetos
italianos e os conhecimentos que adquiriu sobre arquitetura museológica deram
os seus frutos na década de setenta quando concluiu a sua primeira grande obra:
o Museu Amadeo Souza-Cardoso, em Amarante, e os Paços do Concelho, na mesma
cidade. Este trabalho mereceu o reconhecimento da crítica e culminou com o Prémio da
Associação de Críticos de Arte – Secção Portuguesa.
O
aumento de prestígio rendeu-lhe novo grande projeto: a recuperação do antigo
Castelo de Vila Nova de Cerveira que Soutinho converteu na Pousada D. Dinis e
que lhe renderia novo prémio: Prémio Europa Nostra.
Apesar
de ter trabalhos espalhados um pouco por todo o país, o melhor da obra deste
arquiteto gaiense situa-se na área metropolitana do Porto. Matosinhos recebeu duas
das suas obras mais emblemáticas: a Câmara Municipal e a Biblioteca Florbela
Espanca. A edilidade matosinhense reconheceu o magnífico trabalho de Soutinho e
agraciou-o com a Medalha de Mérito da Cidade, o mesmo acontecendo na sua terra
natal.
Além
destas obras mais conhecidas, Alcino Soutinho assinou trabalhos como a Casa Museu
Guerra Junqueiro, no Porto; alguns edifícios da Universidade de Aveiro
(Departamento de Química e Departamento de Cerâmica e do Vidro), o Museu do
Neo-Realismo em Vila Franca de Xira e o Centro de Estágio do Futebol Clube do Porto,
em Gaia, uma das poucas obras que projetou na terra onde nasceu.
O
melhor que podemos fazer para homenagear este incansável arquiteto com mais de
cinquenta anos de atividade é apreciar a sua obra, reparar como a integrou no
espaço e no tempo e perceber como foi tão multifacetado e moderno.
Gabriel
Vilas Boas
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