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quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

QUEM ACABOU COM A ESCRAVATURA NO IMPÉRIO PORTUGUÊS?




Oficialmente a escravatura foi abolida em 23 de Fevereiro de 1869 em todo o império português, embora em Portugal continental ela já não fosse permitida desde o alvará do Marquês do Pombal, mais de cem anos antes.
Naqueles cento e oito anos (1761-1869), infelizmente, os escravos continuaram a ser um negócio muito lucrativo e que tanto desdignificou Portugal. 
É já em pleno século XIX, que um homem bom, um verdadeiro herói da nossa história coletiva, empreende uma cruzada pela abolição da escravatura nas colónias portuguesas de África, pois o Brasil tinha-se tornado independente. Esse herói foi Sá da Bandeira. 

Uma das figuras mais marcantes da guerra civil portuguesa entre D. Miguel e D. Pedro e líder da esquerda liberal portuguesa assume o fim total da escravatura como desígnio pessoal. Em finais de 1836, faz publicar um decreto que proíbe a exportação e importação de escravos de e para as colónias portuguesas.
Os indignos portugueses que comerciavam em negros fizeram-lhe uma oposição tenaz, mas Sá da Bandeira não vacilou e usou todo o seu prestígio político para implementar as reformas abolicionistas que tinha em mente. 
Em 1854, o Conselho Ultramarino decretou a libertação de todos os escravos pertencentes ao Estado e dois anos mais tarde foram as Câmaras e as Misericórdias a libertar os seus escravos. Incrivelmente, organizações ligadas à Igreja tinham ao seu dispor os filhos dos escravos. No entanto, Sá da Bandeira só descansou quando a escravatura foi totalmente abolida em território português.


Hoje, quando passeamos pela famosa rua do Porto ou assistimos a uma peça no Teatro Sá da Bandeira, poucos são aqueles que sabem o fundamental papel que este homem teve na abolição da escravatura em Portugal. E até na placa da rua se refere apenas “Militar e Estadista”. Na verdade, ele foi mais do que isso e a cidade do Porto bem como o teatro que tem o seu nome deviam explicá-lo de modo veemente aos milhares de portugueses e estrangeiros que visitam diariamente a cidade portuense.
GAVB

terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

D. AFONSO VI, UM REI INCAPAZ QUE FOI CAPAZ DE PERDER O TRONO E A MULHER



D. Afonso VI (1643-1683) teve a infelicidade… de ser rei. Se a vida tivesse tido o seu curso normal, seria D. Teodósio o rei de Portugal, mas o príncipe morreu aos 19 anos e o impreparado irmão Afonso lá subiu ao trono, ainda que toda a gente soubesse que estava diminuído mental e fisicamente pela meningite que o afetou ao terceiro ano de vida.
Quando toma posse do trono, fica nas mãos de dois seres altamente astuciosos que marcarão o seu reinado e a sua vida de forma indelével: a mulher, D. Maria Francisca de Sabóia, e o conde de Castelo Melhor, que,  na prática  governava o país, dada a incapacidade do rei. 

Se o conde dava o «melhor» de si para manter o seu reizinho em pé, a fogacidade de Maria Francisca não se compadecia de um rei frouxo na cama. Por outro lado, a ambição do irmão de Afonso, D. Pedro, ao trono e… à cunhada crescia a olhos vistos.

Os jogos de poder entre a nobreza armaram a armadilha perfeita ao conde de Castelo Melhor  e o fraco rei foi incapaz de o segurar, impondo-se à dupla jogada do irmão e da mulher.
Em pouco mais de seis meses (entre setembro de 1667 e a primavera de 1668), o rei havia de perder o trono e a mulher. Sem o conde de Castelo Melhor por perto, D. Maria Francisca abandona o paço e queixa-se da falta de um rei viril na sua cama, o marquês de Cascais aconselha-o a abdicar em favor do irmão, D. Pedro invade o Paço com um grupo de nobres seus partidários até que D. Afonso VI resolve assinar a resignação a 22 de Novembro de 1667. 


Quatro meses mais tarde (24 de Março de 1668), é pronunciada a anulação do casamento de D. Afonso VI com D. Maria Francisca de Sabóia, que acusou publicamente o marido de ser impotente. (“Não se agradou Vossa Majestade de mim, não é meu marido, como Vossa Majestade bem sabe!”)
Não lhe agradava D. Afonso, mas agradava-lhe e muito o irmão, D. Pedro, especialmente depois de ter subido ao trono. Casaram dez dias depois da anulação oficial do primeiro casamento. O enlace com D. Pedro durou ainda 15 anos, enquanto o infeliz D. Afonso VI enlouquecia, preso, num quarto, no palácio de Sintra.
No entanto, a sua maior loucura foi tentar tocar uma viola sem ter unhas para ela.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

D. LEONOR – A RAINHA QUE DESAMPAROU O REI NO MOMENTO DA MORTE



D. João II, o rei mais amado e aclamado da história de Portugal, agonizou sem a presença da mulher e rainha, D. Leonor, os últimos momentos da sua vida. E este foi um ato voluntário e deliberado de uma das rainhas mais poderosas e ricas da nossa História.
A que se deveu esta «feíssima falta de caridade», da fundadora das misericórdias portuguesas? Provavelmente ao acumular de desconsiderações e desgostos que D. João II deu à rainha.

O príncipe perfeito não tinha fama de possuir muitas amantes, embora também ele tivesse o seu filho ilegítimo – D. Jorge –, a última gota que fez transbordar o copo da paciência de D. Leonor. Todavia, aquilo que mais amargurou D. Leonor foi a maneira cruel como o marido tratou todos aqueles que se lhe opunham. Logo em 1483, D. João II mandou executar, por traição,  o duque de Bragança, que era primo de ambos. Um ano depois, o rei assassina, com as próprias mãos, o seu cunhado, D. Diogo, duque de Viseu. D. Leonor ficou em estado de choque com a morte do irmão e desde então percebeu que o marido seria capaz de tudo para estancar qualquer rebelião, por mais importantes que fossem os nobres nela envolvidos. 
Com todo o tato, tentou proteger a vida do outro irmão, D. Manuel, aconselhando-o a ser fiel e generoso com a casa real, o que o duque de Beja cumpriu com grande esmero.


No entanto o calvário da sobrinha de D. Afonso V estava longe de ter terminado. Em julho de 1491, o único filho que chegou à idade adulta, D. Afonso, caiu de um cavalo e morreu. Provavelmente, a partir desse momento o coração de D. Leonor enegreceu de vez e a postura com o marido tornou-se mais dura, determinada e astuciosa. O todo-o-poderoso D. João II não teve força para impor o seu filho bastardo, D. Jorge, como seu sucessor, pois a rainha manobrou com suficiente destreza para deixar a sucessão do trono português encaminhada para o irmão – D. Manuel I, que foi mesmo um rei venturoso, pois, além de escapar à morte, viu-lhe cair no regaço um dos trono mais importantes do mundo no início do século XVI.
No entanto, a vingança de D. Leonor ainda não estava completa. Quando D. João II adoeceu gravemente e, a conselho dos médicos, foi para o Algarve, a rainha recusou-se a acompanhá-lo. E mesmo quando se tornou evidente que o Rei tinha poucos dias de vida, D. Leonor recusou-se a ir ao seu encontro, para o acompanhar no seu leito de morte, nos últimos momentos da sua vida.
D. Leonor fundou as misericórdias portuguesas, mas esteve longe de ser uma rainha misericordiosa, pois no momento da morte do marido o ressentimento falou mais alto que qualquer outro sentimento.
GAVB  

domingo, 25 de fevereiro de 2018

304 POLÍTICOS OBRIGADOS A CORRIGIR IRS


Por incrível que pareça, a notícia mereceu honras de… nota de rodapé, no sensacionalista jornal português Correio da Manhã. Talvez porque a fonte não tenha identificado os rostos de alguns visados, mas o número (o tamanho quase sempre importa…) assusta! Não são apenas três ou trinta, mas TREZENTOS (!!!) políticos portugueses que foram obrigados a corrigir a sua declaração de IRS, num universo de 604 investigados.
Estamos a falar de 50% dos agentes políticos, tentando enganar o Fisco. Para mim, não há outra leitura – esta gente não omite ou mente por engano, mas porque tenta ludibriar, esconder bens, contas bancárias, terrenos, casas, ações.
E quem omite ou mente, muito provavelmente, tem má consciência em relação à forma como obteve aquilo que possui. Ninguém esconde deliberadamente o que ganhou de maneira lícita e pagou os impostos devidos. Por isso, é assustador pensar que existem mais de trezentos políticos portugueses com algo para esconder nesta matéria. São eles que gerem os principais recursos do país, são eles que decidem como e quando aplicam o dinheiro dos nossos impostos.

Não me chega saber que o Tribunal Constitucional está mais interventivo nem que o Fisco recuperou alguns impostos por liquidar, porque o cheiro a trapaça é intenso e enjoa.
Obviamente que acho importante sabermos quem são estes 304 políticos esquecidos ou sonsos bem como o grau de disparidade entre a declaração e a sua correção, porque a CONFIANÇA é valor fundamental em democracia e num estado de direito.
Precisamos de saber para não continuarmos coniventes, por omissão e desleixo, com um estado potencialmente corrupto e desonesto.
P.S. Muitas vezes, os jornalistas reivindicam algum do êxito da ação judicial sobre o crime económico. É uma reivindicação justa, mas se a ação for propositadamente seletiva ou mitigada deixam também de merecer a nossa consideração e reconhecimento. Seria uma pena.  
GAVB

sábado, 24 de fevereiro de 2018

CARLOTA JOAQUINA, A RAINHA NINFOMANÍACA


Carlota Joaquina (1775-1830), casada com o manso João VI, é uma das rainhas portuguesas mais odiada pela História de Portugal. 
Ninfomaníaca, fanática, traidora, tola, ignorante, feia…os historiadores não pouparam adjetivos para descarregar todo o ódio à espanhola, que aos dez anos já estava em Portugal para casar com D. João, de dezoito anos.

Apesar de ter chegado ao nosso país ainda criança, isso não serviu de atenuante para que os historiadores tivesse algum pudor, no ataque que lhe fizeram. Ao mesmo tempo que acentuavam os seus apetites sexuais insaciáveis, não deixavam de fazer notar a fealdade do corpo e do rosto, o que criava um traço de repugnância física e moral. O historiador Oliveira Martins chegou mesmo a classificá-la como “megera horrenda e desdentada”.

De facto, o comportamento de Carlota Joaquina ajudou e muito à criação desta imagem... depravada. Com João VI teve nove filhos, mas só é seguro que D. Pedro IV (I do Brasil) fosse do marido, pois a lenda dos seus amantes era extensa: o cocheiro da Quinta do Ramalhão (João dos Santos) era o provável pais de Dom Miguel, mas outros havia – Junot, o almoxarife do paço, o almirante inglês Sidney Smith, o oficial da guarda Manuel Francisco Sabatini, o 6.º marquês de Marialva…


O rei traído sabia perfeitamente das aventuras amorosas da mulher, mas foi a conspiração de 1805/1806 que pôs termo à relação de confiança entre eles. A partir daí o rei fazia questão de manter Carlota Joaquina afastada e não se coibia de tratá-la com rudeza (“Volta para trás! Vem aí a puta!”), mas sempre debaixo de olho, pois encarregou Francisco Gomes de Almeida, o «Chalaça» de a seguir. Os relatos eram de tal modo intensos que o pai de D. Pedro, certo dia, desabafou: “Na vida de Carlota, a moralidade morreu…”. Já a filha, Maria Teresa, preferia destacar o seu carácter irascível: “É nossa mãe, temos de respeitá-la, mas é preferível sair do seu caminho.”
Esta atração fatal de Carlota Joaquina pelo sexo talvez até tenha uma explicação genética, pois a sua mãe (Maria Luísa), passou a vida a enganar o marido, Carlos IV de Espanha, ao ponto de o levar a nomear primeiro-ministro o seu próprio amante, Manuel Godoy.
Deve ser coincidência genética, mas o penúltimo dos Bourbon, D. Juan Carlos, também era um mulherengo incorrigível.  
GAVB

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

RUI RIO AINDA VAI LAMENTAR O DESPREZO QUE TEM PELA COMUNICAÇÃO SOCIAL



Agora que chega, finalmente, à presidência do PSD é que Rui Rio percebe as agruras da política. As rasteiras, as traições, os jogos de poder e cintura, a deturpação das suas palavras, as ideias que até são boas, mas não podem ser anunciadas no atual contexto, a perseguição de determinados jornais ou jornalistas… A lista é farta e só quem anda há pouco tempo no meio é que acha que pode driblar todas as armadilhas... sozinho.

Rio é daqueles políticos que acha ser suficiente ser honesto, de boas contas e medianamente corajoso para implementar medidas difíceis, para ter êxito na política. Infelizmente para ele, o mundo em que vivemos alimenta-se da imagem. 

É verdade que não é possível aguentar muito tempo uma boa imagem de um político medíocre, mas também é verdade que um bom político pode passar completamente ao lado de uma carreia pública de relevo se não souber comunicar, se não souber projetar um imagem de confiança, seriedade, empatia, realização. 
Na construção (ou destruição) dessa imagem, a comunicação social desempenha um papel relevante. E não se pode esperar que ela ajude o desajeitado político quando este passou a vida a desprezá-la ou a ignorá-la ou a criticá-la. Nem nos momentos em que se está a ser atacado injustamente.
Rui Rio é tão inábil com a comunicação social como um elefante numa loja de porcelanas. De vez em quando nem repara nas cascas de banana que lhe lançam e cai nelas alegremente.

Em comunicação “o que parece é”. 
Adianta pouco que o tempo prove que tínhamos razão ou que a justiça ou a legalidade seja reposta, se o efeito útil dessa reparação já passou.
Não é por acaso que a política era a arte preferida de Maquiavel nem que tantos políticos têm mil cuidados com as suas palavras em público e outros cultivam relações privilegiadas com jornalistas. 
Eles sabem perfeitamente que os media podem «fazer» um político, mas mais rapidamente o «desfazem».
Trazer Elina Fraga e Salvador Malheiro para a vice-presidência do PSD, quando ambos estão envolvidos em inquéritos do Ministério público, é brincar com o fogo em noite de verão e achar que nada de mal irá acontecer.

Ao fim de tantos anos na política, Rui Rio continua a desprezar o papel da comunicação social e dos fazedores de opinião. Atualmente nem os declaradamente próximos do PSD o vêem com bons olhos. Como será com os outros? Rio precisa dos jornalistas para que as suas propostas não apareçam deturpadas e não sejam prontamente combatidas pelos fazedores de opinião, o que facilitaria enormemente a vida à esquerda e desgastaria a sua liderança em três tempos.
Não foi Rui Rio que o disse, mas aquele “Eu nunca me engano e raramente tenho dúvidas” assenta-lhe tão bem. Até Cavaco, mesmo senil, já teve a ousadia de lhe chamar teimoso…
GAVB

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

O DIA EM QUE MARX E ENGELS INVENTARAM O COMUNISMO



Em 1847, o industrial Engels, com apenas 27 anos e a viver em Manchester, apresentou, ao jornalista radical Karl Marx, um grupo de socialistas idealistas alemães que vivia exilado em Inglaterra. Logo aí Marx tentou convencê-los a formar uma liga comunista. Como primeiro passo achava fundamental a existência de um manifesto revolucionário que incitasse os trabalhadores à ação. Algumas semanas depois, o manifesto de vinte e três páginas lá apareceu, escrito a duas mãos: Karl Marx e Engels. 
Estavam lançadas as bases do programa político que haveria de derrubar algumas das velhas monarquias europeias do século XIX e dividir o mundo político ao meio durante grande parte do século XX.

O Manifesto foi publicado pela primeira vez, em alemão, a 21 de fevereiro de 1848, ou seja, há cento e setenta anos. Curiosamente, nesse ano, por toda a europa imperava o fanatismo nacionalista e republicano. A primeira tradução inglesa só surgiu dois anos mais tarde e logo na primeira linha introdutória se podia ler algo de premonitório sobre o modo como esta nova ideologia política ia ser encarada: “Um demónio assustador avança pela Europa”. Paradoxalmente, quase dois séculos depois ainda há milhões de pessoas que assim vê o comunismo.

«Um espectro assombra a europa – o espectro do comunismo. Todas as potências da velha europa entraram numa santa aliança para exorcizar este espectro: o papa e o czar, Metternicht e Guizor, [os conservadores que lideram a Áustria e a França], os radicais franceses e os espiões polícias alemães.
A história de toda a sociedade existente até agora e a história da luta de classes.
O homem livre e o escravo, o patrício e o plebeu, o senhor e o servo, o mestre da guilda e o artesão, em suma, o opressor e o oprimido mantiveram-se numa oposição constante uns aos outros, travaram uma luta ininterrupta, ora oculta, ora aberta, que terminou sempre ou numa reconstituição da sociedade geral, ou na destruição comum das classes em contenda.
… Os comunistas apoiam em toda a parte todos os movimentos revolucionários contra a ordem sociopolítica existente.
Os comunistas recusam-se a ocultar as suas ideias e os seus objetivos. Declaram abertamente que os seus fins só podem ser alcançados pelo derrube forçado de todas as condições sociais existentes. Deixemos que as classes dominantes tremam com uma revolução comunista. Os proletários não têm nada a perder, exceto as suas grilhetas. Têm um mundo a conquistar.
Trabalhadores de todo o mundo, uni-vos.»
Karl Marx e Friedrich Engels, Manifesto Comunista, 1848.


terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

FUNCIONÁRIA GRÁVIDA – CUSTO DESNECESSÁRIO OU MENTALIDADE SECTÁRIA?



Nos últimos meses, muitas mulheres famosas e poderosas deram corpo ao movimento “Time’s up” que denuncia todo o tipo de assédio sexual de que as mulheres são vítimas, nas suas vidas profissionais. Multiplicam-se as denúncias, embora quase todas elas ligadas ao mundo do espetáculo. Este é um problema importante e que está longe de estar resolvido, no entanto, enquanto os holofotes estão concentrados nos vários casos de assédio às mais belas e poderosas atrizes de Hollywood, outros casos prementes, que afetam as mulheres, deterioram-se.
Nos últimos dias, em Inglaterra, foi publicado um estudo pela Comissão da Igualdade e dos Direitos Humanos que refere de 44% dos patrões do Reino Unido acha que ter uma funcionária grávida é um custo desnecessário!

Os patrões ingleses andam revoltados porque as jovens mães tiram partido da sua gravidez (imagine-se!!!) e outros ficam chocados porque estas mulheres acham menos interessante progredir na carreira do que cuidar dos filhos.

Que pena que as mães destes empresários ingleses não tenham tido o mesmo esclarecido pensamento dos filhos! Não se tinha perdido nada.
Podem os povos ser muito instruídos, dominar a técnica, o conhecimento, fazer negócios fabulosos, mas, se revelam uma mentalidade tão tacanha, tão medíocre e desumana, pouco valor têm.

Até sob o ponto de vista económico, uma gravidez é um investimento e não um custo desnecessário. A maternidade é essencial a muitíssimas mulheres; completa-as, deixa-as felizes e consequentemente mais produtivas. Ainda bem que há mulheres que têm a coragem de enfrentar esta mentalidade imbecil de quase metade dos patrões ingleses. No entanto, elas não podem ser abandonadas à sua sorte, lutando contra quem detém o poder e as assedia moralmente e as transforma em máquinas.


O problema não é da lei, mas da mentalidade. As mentalidades perniciosas também se abatem, quando são expostas e atacadas concertadamente.
As mulheres têm uma consciência aguda daquilo que é importante e daquilo que é acessório. Denunciar o assédio sexual no trabalho é importante, mas isso não pode fazer perder outras batalhas que estão longe de estar ganhas, como é o caso do direito das mulheres à maternidade, sem que isso as prejudique nos seus empregos.
GAVB

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

CUIDADOS (DES)CONTINUADOS



Mais importante do que discutir e legislar sobre a eutanásia, mais necessário do que aumentar três ou quatro por cento as reformas mais baixas, aquilo que verdadeiramente teria um impacto fortíssimo na vida dos idosos, em Portugal, seria aumentar a rede de cuidados continuados.
Há milhares de velhos acamados, abandonados em camas de hospitais ou lares indignos, a morrer aos bocados, percorrendo em silêncio uma via-sacra de chagas, sem ninguém para os virar na cama, para os erguer, para os sentar numa cadeira. Sem ninguém que os leve a uma casa de banho, lhes dê os medicamentos na boca ou os coloque numa cadeira de rodas e os traga a uma varanda para sentir no rosto o prazer do vento que passa.

Durante uma década acompanhei regularmente um familiar que estava internado numa unidade de cuidados continuados. Conheço profundamente todas as dificuldades burocráticas para se aceder a um espaço desses e como ele é vital para o idoso e para as suas famílias, que a partir de certo momento não têm possibilidades materiais e físicas para corresponder às necessidades dos seus idosos.

Há um défice acentuado de camas disponíveis para quem precisa de cuidados continuados e, por isso, esta atividade tornou-se um negócio lucrativo. As famílias com posses, gastam entre mil a mil e quinhentos euros, por idoso, mas a maioria  não tem essa disponibilidade económica e por isso os idosos que conseguem a proeza de aceder a uma instituição pública que presta este tipo de cuidados entrega a totalidade das suas magras reformas e as famílias são muitas vezes coagidas a repor o valor em falta.
Com o aumento da esperança média de vida, cada ano que passa mais idosos precisam de cuidados permanentes. Não é um investimento barato, especialmente a nível de infraestruturas e recursos humanos qualificados, mas absolutamente necessário.

Se tivesse que eleger um projeto prioritário a nível de segurança social ou até a nível autárquico, em alguns concelhos do país, não tinha nenhuma dúvida em escolher o alargamento da rede de cuidados continuados.
É um projeto agregador e que fortalece a coesão intergeracional, além de ser reprodutivo a nível económico, pois emprega muitos profissionais de diversas áreas.
A aposta numa rede de cuidados continuados é o justo agradecimento a uma geração que nos trouxe até aqui e que merece partir com o máximo de dignidade possível.
GAVB

domingo, 18 de fevereiro de 2018

OS PORTUGUESES NÃO QUEREM TRABALHAR? DE GRAÇA, MUITO POUCOS. OBVIAMENTE!



Pedro Ferraz da Costa, presidente do Fórum para a Competitividade, ganhou protagonismo esta semana com mais uma tirada sobre os trabalhadores portugueses – “As pessoas não querem trabalhar!”

A afirmação é desde logo uma afronta às dezenas de milhares de pessoas que trabalham arduamente todos os dias, fazendo empresários como Ferraz da Costa ganhar imenso dinheiro. É também uma afronta às dezenas de milhares que procuram emprego há vários meses.
O homem que dirigiu a CIP durante vinte anos queria referir-se certamente a um número muito reduzido de desempregados que preferem a quase indigência a um ordenado, mínimo que fosse, pelo seu trabalho. No entanto, estes são poucos, apesar de haver políticos que nos queiram fazer crer que são muitíssimos.

Todavia não é certo que Ferraz da Costa se referisse a esses pobres de espírito. Lamentava-se o senhor engenheiro que “há falta de mão-de-obra qualificada em diversos setores”, da agricultura ao turismo, da indústria aos serviços, e dava como exemplo a sua situação: quisera abrir um centro de engenharia no Porto e não encontrara recursos humanos. Esqueceu-se foi de nos elucidar sobre um pequeno «pormaior»: que ordenados oferecia aos licenciados em engenharia? Não era algo como 700 ou 800 euros, pois não? Eram ordenados ao nível do que os nossos licenciados auferem em Inglaterra, Bélgica, Holanda, França? Pois… ficamos sem saber.
Também ficamos sempre sem saber qual a relação entre o  potencial do negócio e os ordenados propostos aos candidatos.

Ferraz da Costa lamenta-se que Portugal só cresce 2,7% ao ano, quando podia crescer 4%. É verdade, mas Portugal cresce 2,7% mantendo a dignidade dos seus trabalhadores, cresce 2,7% depois de uma grave crise económica e à boleia das ideias e do investimento de gente jovem, que montou o seu próprio negócio e o fez crescer, tendo por base um modelo económico que está nas antípodas do modelo económico que Ferraz da Costa andou a defender durante vinte anos: salários baixos, empregados com baixas qualificações, pouco inovação, quase nula formação profissional.
Ferraz da Costa esteve à frente da CIP durante vinte anos, com governos de maioria absoluta e dinheiro da União Europeia a entrar a rodos. Para onde levou a economia e a indústria portuguesas? Para a insignificância internacional.

Caro, Pedro Ferraz da Costa, não se lamente dos trabalhadores portugueses, mas dos empresários portugueses. Há um milhão de portugueses altamente qualificados que trabalham no estrangeiro, onde os patrões e empresários reconhecem o seu valor e lhes pagam justamente. Eles não dizem que os portugueses não querem trabalhar. A questão é que eles não lhes fazem propostas de salário indecentes. Eles não querem explorar os trabalhadores portugueses, mas apenas contar com o seu esforço e saber.
Não são os trabalhadores portugueses que não querem trabalhadores, mas antes os empresários portugueses que não querem investir, que não querem remunerá-los corretamente, que não sabem que o trabalhador português já não é o analfabeto que aceita tudo porque mal sabe assinar um contrato.
GAVB


sábado, 17 de fevereiro de 2018

UMA ESCOLA SÓ COM ALUNOS CIGANOS: UM PROJETO EDUCATIVO DIFERENCIADOR OU SEGREGADOR?



Em Famalicão, há uma escola do 1.º ciclo só com alunos ciganos. São dezanove, vão todos à escola, são assíduos, têm aproveitamento escolar, progridem nas aprendizagens, parecem andar felizes. No entanto, a escola não cumpriu uma das suas missões primordiais, quando se fala de crianças ciganas, a integração.
A escola tem boas condições físicas e serve uma comunidade cigana, que vive na proximidade, em casas onde falta tudo: saneamento básico, eletricidade, água.

Obviamente que seria desejável que estas crianças tivessem contacto com outros meninos e meninas, pertencentes a outras culturas, mas esta aparente segregação tem tido mais efeitos positivos que negativos. As crianças andam felizes, não faltam, aprendem. Se as quisermos levar para outra escola, proporcionando-lhes a desejável integração, muitas delas acabarão por faltar, pois logo se porá a questão da necessidade de transporte, e não devemos esquecer a mentalidade cigana, que muitas vezes promove a autoexclusão e não acha a escola um bem essencial.

Claro que seria recomendável que estas crianças pudessem estar integradas noutra escola, onde convivessem com crianças não ciganas, mas antes é preciso garantia que seriam bem recebidas e que não abandonariam a escola.
Estou convicto que o projeto educativo que está a ser desenvolvido com estas crianças as conduzirá a uma integração natural e sustentada. Mais importante que destacar esta segregação étnica, é de realçar o facto de estas crianças estarem na escola. Em breve, seguir-se-á a integração.
Em Lisboa, o Ministério da Educação nem sabia do caso, apesar dele ter sido alvo de debate político nas últimas eleições autárquicas. Acossada pela publicidade da notícia, mandou a Inspeção-Geral de Educação averiguar. Não conhecer o que se tem em caso é mau, mas pensar punir antes de tentar compreender, parece-me ainda pior.
O caso da escola cigana de Famalicão pode ter várias leituras, interpretações e soluções, mas é preciso salvaguardar o essencial: o bem-estar das crianças e as suas aprendizagens. O resto virá!  
GAVB

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

UM HOSPITAL À BEIRA DE UM ATAQUE DE NERVOS


Enfermeiros agredidos no Hospital de São João devido a demora no atendimento – DN

“Dois enfermeiros do Hospital de Gaia agredidos na triagem” – TVI

Centro de Saúde de Oliveira de Azeméis anuncia novo médico após ameaça de bomba – Sapo 24

Sucedem-se as notícias sobre agressões de doentes a enfermeiros, ameaças a médicos, confrontos com seguranças nos hospitais públicos portugueses. Por um lado, o desespero dos utentes que aguardam horas e horas, em sofrimento, em tensão por uma simples consulta de urgência; do outro lado, centenas de enfermeiros e médicos completamente exaustos, sem camas, sem quartos para acudir a casos urgentes, pressionados por tudo e todos para diagnosticarem e atuaram a uma velocidade incompatível com um ato médico de qualidade.

Na retaguarda, administrações hospitalares angustiadas e completamente manietadas por decisões governamentais incompreensíveis, irresponsáveis e desumanas, que não fornecem aos hospitais os meios humanos e materiais para que cumpram com profissionalismo e dignidade a sua missão.

Tomemos como exemplo, o caso do hospital de Gaia, onde a situação de rutura está eminente. Cancelamento de cirurgias, retirada de camas para internamento, despedimento de médicos e enfermeiros. Incompreensível, especialmente quando se percebe que o ministro da saúde tem conhecimento direto desta situação.
Ainda que a uma escala menor, o tsunami de Gaia tem réplicas noutras unidades hospitalares e centros de saúde, onde o caos é o novo normal.

Adianta pouco apresentar resultados económicos globais muito positivos, subir o PIB, descer o défice quando a população sofre e desespera para ser atendida num hospital público com o mínimo de eficiência e dignidade.
Não sei se são trocos ou uma conta difícil de pagar, mas o que me parece evidente é que não podemos “rebentar” com a saúde de quem nos trata da saúde!
GAVB

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

CURSOS SUPERIORES PARA ADULTOS – O REGRESSO DAS NOVAS OPORTUNIDADES EM FORMATO UNIVERSITÁRIO?



Um Relatório da OCDE é que é!

Não sei se o Relatório da OCDE sobre a Educação em Portugal foi uma encomenda do governo PS (é bem possível), mas uma coisa é certa: vindo do estrangeiro, é, de certeza, bom! 
Tão bom que o governo já se prepara para revolucionar o ensino superior, em Portugal, a reboque do dito relatório. Centenas de relatórios, dezenas de conferências, debates, palestras sobre o ensino superior, feitas pelas diversas universidades portuguesas ou por algumas fundações ligadas à educação não lograram aquilo que um simples relatório da OCDE conseguiu. 
Continuamos a babar bimbamente pelo que vem de fora tal como continua a falta de coragem para impor as próprias ideias sobre Educação e por isso é necessário sempre encomendar um estudo à OCDE que estiver mais à mão.

Entre as várias propostas/ideias em linha de montagem está a criação de “novos ciclos curtos de estudo” para uma população com mais de 30 anos de idade e cinco anos no mercado de trabalho.
Ora, estamos a falar de cursos superiores de um/dois anos (espero que não sejam de seis meses ou algumas semanas) para gente que deixou de estudar há mais de um década e tem experiência profissional.
Estou mesmo a ver que todo este palavreado se destina a dar seguimento ao projeto das Novas Oportunidades (uma espécie de fetiche educativo da governação socialista). 
Então aqueles alunos que tinham conseguido “tirar” o 12.º ano, contando a sua história de vida, as vezes que fossem necessárias, iam ficar sem a oportunidade de chegar a doutores? Claro que não poderia ser! Vão tirar um curso superior, sim senhor. De dois anos (ou menos) que para três já temos a licenciatura, além de ser muito stressante andar tanto tempo a mostrar como a experiência profissional merece um estatuto de curso superior.

Para não destoar, outras medidas se anunciam: os politécnicos já poderão atribuir doutoramentos; as universidades terão de passar o diploma de licenciatura sem obrigar os alunos a inscreverem-se em mestrado.

Claro que tudo isto segue as práticas das mais renomadas universidades internacionais e é para o bem da nação. As nossas universidades é que estavam completamente ultrapassadas e com um nível de exigência desadequado. Um dia destes ainda propõem Miguel Relvas para Ministro do Ensino Superior. Que pena ele não ser do PS!

O que pensam as universidades disto tudo? Isso não interessa nada! O que interessa é facilitar… perdão, flexibilizar. Esse é o novo mandamento da Educação em Portugal.
Flexibilizar, municipalizar, acreditar curso atrás de curso e acreditar que o conhecimento e o desenvolvimento de competências se faz sem investigação, sem esforço, sem rigor.

Onde estão e o que fazem aqueles a quem o Estado português outorgou o 12.ºano, através das Novas Oportunidades? Em que é que aquela acreditação melhorou o seu nível de desempenho profissional? Que lucro tirou o país desse investimento? Como foram aplicadas na economia, na vida social os largos conhecimentos ministrados e adquiridos durante esse programa de requalificação académica da população portuguesa?

Enquanto pensa nisto, talvez não fosse má ideia, o governo português informar a população portuguesa em que lugar estão as faculdades portuguesas nos rankings (mundial/europeu) das melhores universidades / faculdades. Deve haver qualquer relatório da OCDE sobre isso.
GAVB

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

DECLARAÇÕES E RECLAMAÇÕES DE AMOR


Já não estavam juntos.
Os dias, as semanas, os meses haviam arquivado recordações e emoções, mas não o Amor. Ainda se amavam, mas o lixo, que deixaram acumular pelo jardim, fizera perder o perfume e a beleza das rosas. Sobrava-lhes o silêncio, a mágoa, o ressentimento. Também o amor.
Incomodava-os aquele sentimento que teimava em sobreviver ao fim.
“O Dia Dos Namorados”
Ana não conseguia fugir com o pensamento à simbologia do dia nem à lembrança de Miguel. Não havia arrependimento da decisão tomada, mas tinha de admitir que tinha saudades. Do Miguel que fazia declarações de amor.
Onde estavam elas? Num impulso temerário foi buscar cartas, bilhetes-postais, que o ex-marido lhe mandara durante anos. Surpreendeu-se com a quantidade e com as datas!


Miguel gostava de lhe gabar o olhar misterioso e o sorriso maroto, desde o tempo em que namoravam. Deixava-a vaidosa os constantes elogios à beleza das suas formas e a satisfação que brotava dos seus olhos castanhos sempre que reparava na ousadia dos seus vestidos.
Lia com atenção um poema que lhe escrevera há cinco anos, num dia como aquele. E por entre a beleza das palavras pairou um nuvem de recordações negativas.
Já naquele tempo o Dia dos Namorados era uma ilha enganadora num mar de reclamações.
Miguel acusava-a de se concentrar apenas nas filhas, de estar sempre a reclamar com tudo e com todos, de não ter tempo para eles.




Mas que queria ele? Tinha-se tornado desleixado, desarrumado, descuidado! Deixara de ser um parceiro, passara a ser um peso. Não ajudava nas tarefas domésticas e tornara-se insuportável e egoísta.


Também Miguel acordara a pensar na ex-mulher, naquele triste Dia dos Namorados. Não tinha cartas, bilhetes ou poemas, mas uma memória cheia de declarações de amor em forma de ações.
Lembrava-se perfeitamente daquela contagiante alegria de viver que o obrigara a ser feliz. Ana era uma tempestade tropical que abanava o coração de todos o que amava. Infelizmente, isso passara a ser uma exclusividade das filhas. Irritava-se com facilidade; estava sempre a acusá-lo… de falhar, de não cumprir promessas, disto e daquilo, mas a verdade é que também ela falhava: atrasava-se constantemente; nunca se lhe ouvia um pedido de desculpas; deixara de se cuidar, de ser carinhosa e simpática.

Aquelas recordações faziam-lhe mal. Ia sempre parar aquilo que os derrotara: as constantes reclamações.
Quase já não se lembrava da última declaração que fizera a Ana. Ou melhor, recordava-se – fora mal recebida, pois a ex-mulher aproveitou para o acusar de hipocrisia e logo despejou um rol de reclamações que afundou as suas melhores intenções.

A caminho do trabalho, Miguel pensava em Ana, na simbologia daquele dia e nas razões do falhanço do casamento de ambos. Amargamente concluía que o Dia dos Namorados, dos Afetos ou do Amor não fora apenas simbólico, mas profundamente enganador e excecional. O que fora comum, regular e esmagador foram as centenas de reclamações que encheram os outros dias.

Pensou novamente em Ana. Tinha tantas saudades dela. Apetecia-lhe digitar aqueles números que os seus dedos sabiam de cor, mas resistiu.
Amanhã o seu gesto e as suas palavras teriam um valor incomensuravelmente maior.
GAVB

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

O GOVERNO ADORA TANTO IMPOSTOS QUE ATÉ OS QUER EXPORTAR



O governo português é muito à frente em matéria de inovação política: depois de ter inventado a geringonça como forma de governo, agora sugere a criação de três novos impostos europeus, como forma de contornar o Brexit, ou seja, a saída do Reino Unido da União Europeia e a consequente baixa de receitas a distribuir pelos vários estados membros.
Taxa digital, taxa verde e taxa sobre transações financeiras internacionais. Logo três de uma só vez, para a Europa perceber que esta coisa do milagre português só se fez com a imaginação do costume.

“Taxar até tombar” parece ser a receita do governo socialista sempre que surge um problema. No entanto, esta é uma solução preguiçosa e perigosa. A economia de mercado europeia já está sobrecarregada de taxas e mais taxas, quando o princípio para que foi criada pretendia exatamente o contrário.

Este sinal que o governo português passa para o exterior não me parece positivo nem acho que vá ter o êxito desejado. Primeiro, dá a ideia de um governo sem imaginação e com pouca fé na robustez do seu modelo económico, de tal maneira que tem sempre de lançar mão de medidas excecionais para qualquer contrariedade; por outro lado, grande parte da economia europeia assenta nas transações financeiras internacionais. As maiores e mais poderosas empresas são bancos e seguradoras. Não acho que haja unanimidade em taxá-los mais um pouco.
No fundo, as nossas propostas mostraram apenas o eterno vício português de resolver tudo com impostos. Normalmente só remenda… e mal!