Oficialmente a escravatura foi abolida em 23 de Fevereiro de
1869 em todo o império português, embora em Portugal continental ela já não
fosse permitida desde o alvará do Marquês do Pombal, mais de cem anos antes.
Naqueles cento e oito anos (1761-1869), infelizmente, os
escravos continuaram a ser um negócio muito lucrativo e que tanto desdignificou
Portugal.
É já em pleno século XIX, que um homem bom, um verdadeiro herói da
nossa história coletiva, empreende uma cruzada pela abolição da
escravatura nas colónias portuguesas de África, pois o Brasil tinha-se tornado
independente. Esse herói foi Sá da Bandeira.
Uma das figuras mais marcantes da
guerra civil portuguesa entre D. Miguel e D. Pedro e líder da esquerda liberal
portuguesa assume o fim total da escravatura como desígnio pessoal. Em
finais de 1836, faz publicar um decreto que proíbe a exportação e importação de
escravos de e para as colónias portuguesas.
Os indignos portugueses que comerciavam em negros fizeram-lhe
uma oposição tenaz, mas Sá da Bandeira não vacilou e usou todo o seu prestígio
político para implementar as reformas abolicionistas que tinha em mente.
Em
1854, o Conselho Ultramarino decretou a libertação de todos os escravos
pertencentes ao Estado e dois anos mais tarde foram as Câmaras e as Misericórdias
a libertar os seus escravos. Incrivelmente, organizações ligadas à Igreja
tinham ao seu dispor os filhos dos escravos. No entanto, Sá da Bandeira só
descansou quando a escravatura foi totalmente abolida em território português.
Hoje, quando passeamos pela famosa rua do Porto ou assistimos
a uma peça no Teatro Sá da Bandeira, poucos são aqueles que sabem o fundamental
papel que este homem teve na abolição da escravatura em Portugal. E até na
placa da rua se refere apenas “Militar e Estadista”. Na verdade, ele foi mais
do que isso e a cidade do Porto bem como o teatro que tem o seu nome deviam explicá-lo
de modo veemente aos milhares de portugueses e estrangeiros que visitam
diariamente a cidade portuense.
GAVB