Por incrível que pareça, a notícia mereceu honras de… nota
de rodapé, no sensacionalista jornal português Correio da Manhã. Talvez porque a fonte não tenha identificado os
rostos de alguns visados, mas o número (o tamanho quase sempre importa…)
assusta! Não são apenas três ou trinta, mas TREZENTOS (!!!) políticos
portugueses que foram obrigados a corrigir a sua declaração de IRS, num
universo de 604 investigados.
Estamos a falar de 50% dos agentes políticos, tentando
enganar o Fisco. Para mim, não há outra leitura – esta gente não omite ou mente
por engano, mas porque tenta ludibriar, esconder bens, contas bancárias,
terrenos, casas, ações.
E quem omite ou mente, muito provavelmente, tem má consciência
em relação à forma como obteve aquilo que possui. Ninguém esconde
deliberadamente o que ganhou de maneira lícita e pagou os impostos devidos. Por
isso, é assustador pensar que existem mais de trezentos políticos portugueses
com algo para esconder nesta matéria. São eles que gerem os principais recursos
do país, são eles que decidem como e quando aplicam o dinheiro dos nossos
impostos.
Não me chega saber que o Tribunal Constitucional está mais
interventivo nem que o Fisco recuperou alguns impostos por liquidar, porque o
cheiro a trapaça é intenso e enjoa.
Obviamente que acho importante sabermos quem são estes 304
políticos esquecidos ou sonsos bem como o grau de disparidade entre a
declaração e a sua correção, porque a CONFIANÇA é valor fundamental em
democracia e num estado de direito.
Precisamos de saber para não continuarmos coniventes, por
omissão e desleixo, com um estado potencialmente corrupto e desonesto.
P.S. Muitas vezes, os jornalistas reivindicam algum do êxito
da ação judicial sobre o crime económico. É uma reivindicação justa, mas se a
ação for propositadamente seletiva ou mitigada deixam também de merecer a nossa
consideração e reconhecimento. Seria uma pena.
GAVB
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