Disse um puto de sete anos ao avô, quando o fogo ameaçava
consumir a casa e todos os haveres amealhados durante uma vida de trabalho,
sentindo que o avô se preparava para desistir.
Há nesta frase do João Pedro uma enorme coragem,
determinação desprendimento, inconsciência até, mas acima de tudo isso um AMOR
que comove qualquer um.
Entalado entre o fogo, o medo, a cobarde desistência e
aquele enorme amor corajoso, o senhor Cristiano lá abandonou “aquele tudo” que
afinal era tão pouco e fugiu das chamas que consumiram, em Outubro de 2017, a
povoação de Barril da de Alva, em Arganil, concelho de Coimbra.
Neste domingo, família, Associação SOS Arganil e Fundação
Benfica concretizaram o pequeno sonho do miúdo de sete anos: entrar no relvado do estádio da Luz com os seus ídolos.
Ao ler esta pequena notícia, perdida numa página interior
dum jornal de hoje, desfoquei a minha objetiva de todas as personagens que o
rodeavam. Ele era a única pessoa que passou a me interessar naquela foto cheia
de craques que admiro. Não sei se o Pizzi tinha consciência, mas o herói ali
era o João Pedro e a honra de lhe dar a mão e entrar em campo, perante mais de
cinquenta mil pessoas, era do Pizzi.
O João Pedro salvou mais de que uma vida; a sua coragem e
determinação, alicerçadas num forte amor ao avô, devolve-nos a esperança e enche
de alegria o nosso coração.
O avô Cristiano dizia que, apesar de tudo o que foi perdido,
do muito que ainda há que reconstruir, "o que interessa verdadeiramente é que
estamos todos bem”.
Essa agudeza de espírito, essa definição clara de valores,
em momentos de stress máximo e angústia, teve-a o João Pedro.
Ele não sabe,
mas a sua história encheu de ternura, comoção e amor o dia de muitos como eu.
GAVB
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