Carlota Joaquina (1775-1830), casada com o manso João VI, é uma das rainhas portuguesas mais odiada pela História de Portugal.
Ninfomaníaca, fanática, traidora, tola, ignorante, feia…os historiadores não pouparam adjetivos para descarregar todo o ódio à espanhola, que aos dez anos já estava em Portugal para casar com D. João, de dezoito anos.
Apesar de ter chegado ao nosso país ainda criança, isso não serviu de atenuante para que os historiadores tivesse algum pudor, no ataque que lhe fizeram. Ao mesmo tempo que acentuavam os seus apetites sexuais insaciáveis, não deixavam de fazer notar a fealdade do corpo e do rosto, o que criava um traço de repugnância física e moral. O historiador Oliveira Martins chegou mesmo a classificá-la como “megera horrenda e desdentada”.
De facto, o comportamento de Carlota Joaquina ajudou e muito à criação desta imagem... depravada. Com João VI teve nove filhos, mas só é seguro que D. Pedro IV (I do Brasil) fosse do marido, pois a lenda dos seus amantes era extensa: o cocheiro da Quinta do Ramalhão (João dos Santos) era o provável pais de Dom Miguel, mas outros havia – Junot, o almoxarife do paço, o almirante inglês Sidney Smith, o oficial da guarda Manuel Francisco Sabatini, o 6.º marquês de Marialva…
O rei traído sabia perfeitamente das aventuras amorosas da mulher, mas foi a conspiração de 1805/1806 que pôs termo à relação de confiança entre eles. A partir daí o rei fazia questão de manter Carlota Joaquina afastada e não se coibia de tratá-la com rudeza (“Volta para trás! Vem aí a puta!”), mas sempre debaixo de olho, pois encarregou Francisco Gomes de Almeida, o «Chalaça» de a seguir. Os relatos eram de tal modo intensos que o pai de D. Pedro, certo dia, desabafou: “Na vida de Carlota, a moralidade morreu…”. Já a filha, Maria Teresa, preferia destacar o seu carácter irascível: “É nossa mãe, temos de respeitá-la, mas é preferível sair do seu caminho.”
Esta atração fatal de Carlota Joaquina pelo sexo talvez até tenha uma explicação genética, pois a sua mãe (Maria Luísa), passou a vida a enganar o marido, Carlos IV de Espanha, ao ponto de o levar a nomear primeiro-ministro o seu próprio amante, Manuel Godoy.
Deve ser coincidência genética, mas o penúltimo dos Bourbon, D. Juan Carlos, também era um mulherengo incorrigível.
GAVB
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