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segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

D. LEONOR – A RAINHA QUE DESAMPAROU O REI NO MOMENTO DA MORTE



D. João II, o rei mais amado e aclamado da história de Portugal, agonizou sem a presença da mulher e rainha, D. Leonor, os últimos momentos da sua vida. E este foi um ato voluntário e deliberado de uma das rainhas mais poderosas e ricas da nossa História.
A que se deveu esta «feíssima falta de caridade», da fundadora das misericórdias portuguesas? Provavelmente ao acumular de desconsiderações e desgostos que D. João II deu à rainha.

O príncipe perfeito não tinha fama de possuir muitas amantes, embora também ele tivesse o seu filho ilegítimo – D. Jorge –, a última gota que fez transbordar o copo da paciência de D. Leonor. Todavia, aquilo que mais amargurou D. Leonor foi a maneira cruel como o marido tratou todos aqueles que se lhe opunham. Logo em 1483, D. João II mandou executar, por traição,  o duque de Bragança, que era primo de ambos. Um ano depois, o rei assassina, com as próprias mãos, o seu cunhado, D. Diogo, duque de Viseu. D. Leonor ficou em estado de choque com a morte do irmão e desde então percebeu que o marido seria capaz de tudo para estancar qualquer rebelião, por mais importantes que fossem os nobres nela envolvidos. 
Com todo o tato, tentou proteger a vida do outro irmão, D. Manuel, aconselhando-o a ser fiel e generoso com a casa real, o que o duque de Beja cumpriu com grande esmero.


No entanto o calvário da sobrinha de D. Afonso V estava longe de ter terminado. Em julho de 1491, o único filho que chegou à idade adulta, D. Afonso, caiu de um cavalo e morreu. Provavelmente, a partir desse momento o coração de D. Leonor enegreceu de vez e a postura com o marido tornou-se mais dura, determinada e astuciosa. O todo-o-poderoso D. João II não teve força para impor o seu filho bastardo, D. Jorge, como seu sucessor, pois a rainha manobrou com suficiente destreza para deixar a sucessão do trono português encaminhada para o irmão – D. Manuel I, que foi mesmo um rei venturoso, pois, além de escapar à morte, viu-lhe cair no regaço um dos trono mais importantes do mundo no início do século XVI.
No entanto, a vingança de D. Leonor ainda não estava completa. Quando D. João II adoeceu gravemente e, a conselho dos médicos, foi para o Algarve, a rainha recusou-se a acompanhá-lo. E mesmo quando se tornou evidente que o Rei tinha poucos dias de vida, D. Leonor recusou-se a ir ao seu encontro, para o acompanhar no seu leito de morte, nos últimos momentos da sua vida.
D. Leonor fundou as misericórdias portuguesas, mas esteve longe de ser uma rainha misericordiosa, pois no momento da morte do marido o ressentimento falou mais alto que qualquer outro sentimento.
GAVB  

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