D. João II, o rei mais amado e aclamado da história de
Portugal, agonizou sem a presença da mulher e rainha, D. Leonor, os últimos
momentos da sua vida. E este foi um ato voluntário e deliberado de uma das
rainhas mais poderosas e ricas da nossa História.
A que se deveu esta «feíssima falta de caridade», da fundadora
das misericórdias portuguesas? Provavelmente ao acumular de desconsiderações e
desgostos que D. João II deu à rainha.
O príncipe perfeito não tinha fama de possuir muitas
amantes, embora também ele tivesse o seu filho ilegítimo – D. Jorge –, a última
gota que fez transbordar o copo da paciência de D. Leonor. Todavia, aquilo que
mais amargurou D. Leonor foi a maneira cruel como o marido tratou todos aqueles
que se lhe opunham. Logo em 1483, D. João II mandou executar, por traição, o duque de Bragança, que era primo de ambos. Um
ano depois, o rei assassina, com as próprias mãos, o seu cunhado, D. Diogo,
duque de Viseu. D. Leonor ficou em estado de choque com a morte do irmão e
desde então percebeu que o marido seria capaz de tudo para estancar qualquer
rebelião, por mais importantes que fossem os nobres nela envolvidos.
Com todo o
tato, tentou proteger a vida do outro irmão, D. Manuel, aconselhando-o a ser
fiel e generoso com a casa real, o que o duque de Beja cumpriu com grande
esmero.
No entanto o calvário da sobrinha de D. Afonso V estava
longe de ter terminado. Em julho de 1491, o único filho que chegou à idade
adulta, D. Afonso, caiu de um cavalo e morreu. Provavelmente, a partir desse
momento o coração de D. Leonor enegreceu de vez e a postura com o marido
tornou-se mais dura, determinada e astuciosa. O todo-o-poderoso D. João II não
teve força para impor o seu filho bastardo, D. Jorge, como seu sucessor, pois a
rainha manobrou com suficiente destreza para deixar a sucessão do trono
português encaminhada para o irmão – D. Manuel I, que foi mesmo um rei
venturoso, pois, além de escapar à morte, viu-lhe cair no regaço um dos trono
mais importantes do mundo no início do século XVI.
No entanto, a vingança de D. Leonor ainda não estava
completa. Quando D. João II adoeceu gravemente e, a conselho dos médicos, foi
para o Algarve, a rainha recusou-se a acompanhá-lo. E mesmo quando se tornou
evidente que o Rei tinha poucos dias de vida, D. Leonor recusou-se a ir ao seu
encontro, para o acompanhar no seu leito de morte, nos últimos momentos da sua
vida.
D. Leonor fundou as misericórdias portuguesas, mas esteve
longe de ser uma rainha misericordiosa, pois no momento da morte do marido o
ressentimento falou mais alto que qualquer outro sentimento.
GAVB
Adoro a historia do nosso pais é muito linda
ResponderEliminar!!!!.
Fez ela bem.
ResponderEliminarQuem boa cama fizer, nela se deitará.
Hà crimes sem perdão.
ResponderEliminarHá tempos de Coruja e tempos de Gavião, D. João II dixit.
ResponderEliminar