Há umas semanas pedi aos meus alunos que propusessem para debate
temas atuais que lhes interessassem. Deviam indicar o tema, defender uma
posição, apresentar a argumentação que a sustentasse e lançar o debate.
Surpreendentemente ou talvez não, um dos temas que colheu a preferência dos
alunos foi o consumo de cannabis.
Com uma argumentação deficiente, um aluno defendia a
liberalização do consumo da cannabis, pois, segundo ele, a cannabis tinha benefícios
terapêuticos. Quando o indaguei sobre os malefícios, percebi que os desconhecia
por completo, mas a convicção mantinha-se.
Percebi que a escolha do tema bem como o alinhamento da
posição da maioria com a liberalização vinha de uma campanha feita nas últimas
semanas pela liberalização da cannabis, sustentada na argumentação que esta teria apenas fins terapêuticos.
Na altura pareceu-me inusitado o debate, pois sempre se
soube que a cannabis podia ter fins terapêuticos em alguns contextos, mas que os
malefícios eram também por de mais conhecidos e justificavam a proibição desta
substância.
Hoje revelou-se a peça que faltava no puzzle. Um estudo do
Serviço de Intervenção dos Comportamento Aditivos e Dependências (SICARD)
revela que nos últimos cinco anos o consumo da cannabis aumentou muitíssimo
entre os jovens e jovens adultos portugueses. Beneficiando de grande complacência social e
da uma campanha enganadora, segundo a qual a cannabis até faz bem à saúde, o
consumo tem-se generalizado e cerca de 70% dos inquiridos confessou que consome
cannabis com uma regularidade quase diária.
Toda aquela campanha fazia então sentido para mim. Criara-se a
ideia que a cannabis até faz bem, antes que soasse o alarme social do aumento do
consumo.
Cabe à comunicação social, aos médicos e aos agentes políticos
colocar a questão como ela é. Essencialmente a canábis faz mal. Provoca mau
humor, afeta os pulmões, diminui os níveis de testosterona, afeta a hormona do
crescimento, cria disfunção eréctil, afeta o cérebro, pode provocar o cancro.
Ocasionalmente, pode ter alguns benefícios terapêuticos, mas para esses casos
existem os médicos. Tal como há medicamentos que só se podem tomar com
prescrição médica, pois se fossem de toma livre causariam danos irreparáveis.
O que cada um pensa sobre a cannabis e o seu consumo é
subjetivo, mas os seus efeitos negativos e positivos não o são. A cannabis não é
proibida porque sim ou por uma qualquer norma de estilo. A cannabis é proibida,
porque causa grandes danos à saúde. Não é preciso campanhas, é preciso dizer a
verdade de forma clara e evidente e não deixar a saúde dos jovens portugueses à
beira do abismo.
GAVB
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