Quando Isabel dos Santos era a poderosa filha do presidente
de Angola, não havia semana que não se falasse dela em Portugal. Que movia
influência, que fazia e acontecia, apesar da maioria dos portugueses saber pouco do seu percurso profissional. Agora que Isabel assume apenas o papel de
empresária, que investe em Portugal, e pretende reabilitar e relançar uma das
mais importantes empresas da indústria portuguesa ninguém lhe liga nenhuma.
Apesar deste desinteresse dos media, a filha do
ex-presidente de Angola esteve na Maia, na sede de Efacec, para inaugurar a nova
unidade industrial de mobilidade elétrica da empresa.
Desde que adquiriu cerca de 66% das ações da empresa, a empresária
angolana reestruturou a organização da Efacec e agora passa à fase do
investimento. Os objetivos da unidade inaugurada [Unidade da Mobilidade Elétrica] são extremamente ambiciosos: atingir os 100 milhões de faturação no
prazo de três anos; duplicar o número de empregos associados ao segmento dentro da empresa.
Se o projeto da angolana triunfar, a Efacec será um «player»
importante no mercado da mobilidade elétrica. Nesta fase inicial a Efacec
propõe-se construir carregadores rápidos para carros elétricos a um preço de
mercado competitivo.
Não deixa de ser curioso que Isabel dos Santos resolva
marcar presença num ato público empresarial em Portugal, precisamente no
momento em que as relações institucionais entre os dois países estão
profundamente abaladas por causa da constituição de arguido do ex-vice
presidente de Angola, Manuel Vicente. Isabel dos Santos não quer só vincar a sua
condição de empresária, mas também deixar claro que agora é apenas isso, ao
mesmo tempo que vai furando o bloqueio institucional imposto pelo presidente
angolano a Portugal. Também por isso, a presença de Isabel dos Santos na Maia
tenha um profundo significado no xadrez político angolano, ou não fosse ela uma
putativa candidata à sucessão do João Lourenço.
Sensatamente, António Costa enviou o seu ministro da
Economia à Maia, para receber e agradecer à empresária angolana, não vá o atual
poder angolano aborrecer-se ainda mais.
GAVB
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