Não é uma ideia parva ou nascida da cabeça de algum poeta,
mas uma inovação do governo inglês de Theresa May. A primeira-ministra inglesa
justificou a criação de um Ministério da Solidão no Reino Unido com as “demasiadas pessoas para quem a solidão é a triste realidade da vida moderna”.
Sem hesitações nem preconceitos, May nomeou a mais bizarra
ministra do seu executivo, Tracey Crouch, que terá a tarefa de superintender um
grupo intergovernamental que atuará sobre a problemática da solidão em todas as
parte do governo.
Estou curioso para perceber como os pragmáticos ingleses tratarão a nível formal esta questão. Que ações
levarão a cabo? Como abordarão a questão e em que grupos incidirão a sua ação?
E sobretudo como a sociedade reagirá ao trabalho deste grupo.
Não deixa de ser curioso ver como o Reino Unido está
a atuar em contra-mão face ao resto da Europa
e até do mundo. Quando todo o mundo se abre ao exterior, arrastado pela
locomotiva dos jovens, os ingleses isolam-se no seu Brexit decretado pelos seus
velhos.
Quando toda a gente
procura Londres para fazer negócios, para conhecer pessoas, para estar no
centro dos acontecimentos, o governo inglês preocupa-se com a solidão de grande
parte da sua população.
Um relatório recente refere que cerca de nove milhões de
adultos, em Inglaterra, estão quase sempre solitários e que mais de um terço
desse assustador número tem na televisão a sua grande companhia.
Não sei como e com que êxito se desenvolverá a ação deste
inusitado Ministério da Solidão, mas uma coisa é certa – Theresa May está
atenta às pessoas mais velhas, ao drama da sua existência e prefere fazer
alguma coisa do que fingir que não vê milhões de olhos tristes, desolados e sem
esperança.
Talvez o futuro dos mais novos esteja na resolução do
grande problema dos velhos.
GAVB
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