Um Relatório da OCDE é que é!
Não sei se o Relatório da OCDE sobre a Educação em Portugal
foi uma encomenda do governo PS (é bem possível), mas uma coisa é certa: vindo
do estrangeiro, é, de certeza, bom!
Tão bom que o governo já se prepara para revolucionar o ensino superior, em Portugal, a reboque do dito relatório. Centenas de
relatórios, dezenas de conferências, debates, palestras sobre o ensino superior, feitas pelas diversas universidades portuguesas ou por algumas
fundações ligadas à educação não lograram aquilo que um simples relatório da
OCDE conseguiu.
Continuamos a babar bimbamente pelo que vem de fora tal como
continua a falta de coragem para impor as próprias ideias sobre Educação e por
isso é necessário sempre encomendar um estudo à OCDE que estiver mais à mão.
Entre as várias propostas/ideias em linha de montagem está a
criação de “novos ciclos curtos de estudo” para uma população com mais de 30
anos de idade e cinco anos no mercado de trabalho.
Ora, estamos a falar de cursos superiores de um/dois anos
(espero que não sejam de seis meses ou algumas semanas) para gente que deixou
de estudar há mais de um década e tem experiência profissional.
Estou mesmo a ver que todo este palavreado se destina a dar
seguimento ao projeto das Novas Oportunidades (uma espécie de fetiche educativo
da governação socialista).
Então aqueles alunos que tinham conseguido “tirar” o
12.º ano, contando a sua história de vida, as vezes que fossem necessárias, iam
ficar sem a oportunidade de chegar a doutores? Claro que não poderia ser! Vão
tirar um curso superior, sim senhor. De dois anos (ou menos) que para três já
temos a licenciatura, além de ser muito stressante andar tanto tempo a mostrar
como a experiência profissional merece um estatuto de curso superior.
Para não destoar, outras medidas se anunciam: os
politécnicos já poderão atribuir doutoramentos; as universidades terão de
passar o diploma de licenciatura sem obrigar os alunos a inscreverem-se em
mestrado.
Claro que tudo isto segue as práticas das mais renomadas
universidades internacionais e é para o bem da nação. As nossas universidades é
que estavam completamente ultrapassadas e com um nível de exigência desadequado. Um dia destes ainda propõem Miguel Relvas para Ministro do
Ensino Superior. Que pena ele não ser do PS!
O que pensam as universidades disto tudo? Isso não interessa
nada! O que interessa é facilitar… perdão, flexibilizar. Esse é o novo
mandamento da Educação em Portugal.
Flexibilizar, municipalizar, acreditar curso atrás de curso
e acreditar que o conhecimento e o desenvolvimento de competências se faz sem
investigação, sem esforço, sem rigor.
Onde estão e o que fazem aqueles a quem o Estado português
outorgou o 12.ºano, através das Novas Oportunidades? Em que é que aquela
acreditação melhorou o seu nível de desempenho profissional? Que lucro tirou o
país desse investimento? Como foram aplicadas na economia, na vida social os
largos conhecimentos ministrados e adquiridos durante esse programa de requalificação
académica da população portuguesa?
Enquanto pensa nisto, talvez não fosse má ideia, o governo
português informar a população portuguesa em que lugar estão as faculdades
portuguesas nos rankings (mundial/europeu) das melhores universidades /
faculdades. Deve haver qualquer relatório da OCDE sobre isso.
GAVB
Sem comentários:
Enviar um comentário