Quando o ano letivo já vai a meio, lá saiu
o momento mais desejado pelos jornais portugueses no que diz respeito à
Educação: o ranking das escolas.
Na verdade trata-se da média que os alunos de
cada escola obteve nos exames do 9.º ano e do 12. ºano. E cada escola ganha
direito a figurar nesse ranking desde que tenha proposto alunos à prova
obrigatória de Matemática e Português.
Nas escolas secundárias, os
alunos são submetidos a mais exames, mas não a todas as disciplinas que
frequentaram. Isso pouco importa aos media, ávidos de tirar conclusões sobre
a categoria de cada escola, de cada corpo docente, de cada projeto educativo.
É verdade que já passamos a fase da básica
comparação entre privado e público, pois agora a moda é anotar as escolas que
“inflacionam” as notas, com se não houvesse as que têm melhores notas nos
exames que na avaliação interna, além do facto de ser impossível garantir que
uma prova de duas horas consiga traduzir aquilo que o aluno aprendeu durante um
ano ou três.
Adoro ler todas as leituras que hoje se
fizeram sobre o tema, pois quase todas me fizeram sorrir. Desde do eterno
diretor Filinto Lima que diz que os resultados agora divulgados se devem mais
ao contexto escolar do que ao trabalho dos professores; à conclusão
do Público que afiança que a única coisa certa que os alunos podem esperar é
que a maioria vai «chumbar» e não é nenhum dente enquanto o jornal I prefere
sugerir que as escolas intervencionadas pelo Parque Escolar garantem maior
sucesso (o lobby do cimento, dos engenheiros e arquitetos agradece, mas o
ministro das finanças não).
Curiosamente não consegui ler a opinião
dos alunos e também fiquei sem saber se com ranking os alunos sabem mais ou
sabem menos que há dez anos, quando a moda de hierarquizar escolas não existia.
O negócio adora rankings.
“A escola X é
ótima e a Y é péssima, por isso vamos tentar matricular o nosso filho na escola
X”. “Vejam como somos excelentes, observem a nossa posição no ranking!”
E o filhinho sabe muito ou sabe pouco? É
mais autónomo ou mais dependente? E como está o filhinho naquelas áreas que não
contam para ranking nenhum? Isso não interessa nada! O que interessa é que o
colégio ou a escola onde anda o nosso filho está bem situada ou nem por isso e
talvez devêssemos pedir a transferência do nosso filho para outra mais seleta e
que apresenta resultados.
Os resultados agora divulgados podem ser
úteis para as escolas, para os pais, para os diretores e também para os
professores, mas hierarquizar as escolas como se elas entrassem numa corrida
qualquer só atrapalha.
Vai demorar tempo a aprendermos a darmos
aos rankings apenas a importância que eles merecem!
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