Claro que não. Os alunos não fazem esse tipo de distinção
perversa: eles portam-se mal ou bem com todo o tipo de professores: os mais
velhos, os mais novos, as mulheres, os homens, os efetivos, os contratados, o
que estão na escola há décadas, o que chegaram na semana passada…
A única verdade do estudo sobre indisciplina, de que alguns
órgãos de comunicação social fizeram eco, é que os professores mais velhos se
queixam mais da indisciplina dos seus alunos do que os professores mais novos.
E não é fácil perceber as razões.
No meu ponto de vista, a primeira e mais
importante razão é que a maioria dos professores mais antigos tem uma noção mais
rígida de indisciplina que os professores mais novos. Há determinados
comportamentos, atitudes, palavras que um professor com trinta anos de casa não
tolera a um adolescente, apesar de este não o ter feito com intenção ou não ter
consciência da gravidade ou má criação que esse gesto, palavra, atitude
constituiu para o seu professor.
Há também que considerar o cansaço, o desânimo que invade
os professores seniores. São muitos anos de expectativas frustradas, muitas
situações de indisciplina vividas, muitas angústia e tristeza acumuladas com
injustiças cometidas sobre eles, com agressões verbais e faltas de consideração
por parte de alunos, pais, colegas, órgãos diretivos, ao longo de vários anos.
Ao fim de décadas de ensino isso produz o seu efeito no modo com toleram ou não
os comportamentos irreverentes dos alunos.
Convém ainda recordar que quanto maior é o afastamento etário
entre professor e aluno maior é a diferença de mundividência e maior a incompreensão
face ao outro. O professor mais velho tem mais dificuldade em entender as
atitudes dos alunos como irreverência própria da idade, achando-as à partida
indisciplina grosseira, como os jovens não fazem qualquer esforço em perceber
que aquele professor mais antigo foi educado com outro código de conduta na
escola e portanto a sua noção de disciplina é mais rígida. Quando ninguém se
esforça por entender o outro, o choque é mais rápido e violento.
No entanto, tudo isto que acabo de referir não deve tirar o
foco do essencial: a indisciplina na escola é um fenómeno transversal a todo o
tipo de professor. A generalidade das atitudes de indisciplina são-no assim
entendidas por todos os professores. Claro que as escolas, os professores, os
pais devem engendrar estratégias que façam diminuir a violência nas escolas
portuguesas, mas convém não ignorar o principal: o maior erro é de quem é
violento e malcriado. Se esse não mudar radicalmente de atitude não há
estratégia que se salve nem professor que esteja a salvo.
GAVB
Há um outro factor, nem sempre considerado: o professor "da casa" pode sentir-se mais à vontade para, perante um acto concreto de indisciplina grave, agir em conformidade e fazer a devida participação.
ResponderEliminarJá o professor mais jovem pode ser mais influenciável pela lógica perversa que leva a supor que quem faz participações é porque não tem mão na turma, não consegue motivar ou inspirar respeito nos alunos, etc.
Nessa situação o mais cómodo pode ser fingir que não se passou nada. Sobretudo quando se está numa daquelas escolas que se especializaram em esconder a indisciplina debaixo do tapete...
Não podia estar mais de acordo.Mesmo os professores mais velhos, entendem muito bem que os tempos mudaram.As coisas que nunca mudam são o respeito pelo outro.Os mais novos não se queixam por receio de serem considerados incompetentes e para não desagradarem à direção da escola de quem,muitas vezes, dependem para manter o lugar.Sinais dos tempos!
ResponderEliminarSe os CD não fossem cobardolas punham pais queixosos permanentes e alunos malcriados na ordem:castigos de limpezas,arrumar as salas e fazer como certos colégios fazem:pô-los na rua e estarem-se nas tintas para os problemas psicológico dos alunos e suas familias (que não têm dinheiro para nada mas os
ResponderEliminarfilhos têm dos melhores telefones e roupas,só de marca). A tropa obrigatória para estes malandrecos, depois de cometerem mais de duas faltas graves, terem de deixar de estudar até cumprirem o serviço militar. Como isto acalmavam as escolas. Finalizando:CD cheios de medo das DREN'S e dos pais,porquê? Ponham nas escolas militares a fazer o papel da Polícia e tudo ia ao seu lugar, como em tempo vi na Turquia.Para que querem a internet? Para aprender, não é para fofocar.