O governo português tem a intenção de criar mais um imposto
indireto: aumentar a carga fiscal sobre os produtos de consumo prejudiciais à saúde, ou seja, fast-food, refrigerantes,
bebidas energéticas, snacks, doces, chocolates, gelados…
A ideia não deve ter partido do inábil Mário Centeno, mas do
malabarista António Costa, que se sustém no poder como uma habilidade tão
surpreendente que até Bruxelas, Berlim, o comité central do PC, as guerreiras
do BE e o hipócrita-moralista Correio da Manhã andam abismados.
Como é próprio de qualquer geringonça sonsa, o imposto é
lançado em forma de ideia-boato, mas a decisão já deve estar tomada, pois a
apresentação do Orçamento para 2017 está para breve.
Costa, o nosso primeiro-ministro que diz devolver
rendimentos aos pobres, mas ao mesmo tempo se prepara para taxar a comida que
os pobres podem comprar, pode não saber muito de economia, mas de política de
sobrevivência é mestre.
O líder do governo não fez crescer a economia e não tem
como pagar os rebuçados que comprou a crédito para oferecer aos portugueses. E
se Passos nos amedrontava com cortes nos salários e nas pensões cada vez que ia
a Bruxelas ouvir o sermão do alemão, Costa anuncia-nos impostos indiretos, que
procura fazer passar por educativos e de justiça social. Vai taxar o sol, o
sal, as casas de férias, as gorduras e os doces. Pelo caminho carrega um
bocadinho mais nos impostos sobre os combustíveis e ainda nos vai convencer que
é para nos obrigar a andar a pé, pois estamos com excesso de peso.
Costa trata-nos da saúde: comidinha só da saudável;
exercício físico obrigatório, de casa para o emprego e do emprego para casa sem
precisar de passar pelo ginásio. No final do mês é uma renda em poupança. Ainda
lhe havemos de agradecer tanta preocupação com a nossa longevidade. Deve ser
por isso que está a pensar em satisfazer o avô Jerónimo, aumentando as reformas
mais baixas em trinta cêntimos por dia. Aumentos nunca vistos! Deve dar para
meio café, se não aumentar a taxa da cafeína.
É verdade que a Fat-Tax já tinha sido pensada pela dupla
Passos-Portas em 2014, mas toda a gente sabe que o CDS não abdica de sobremesas
e o PSD adora salgadinhos, além dos jotinhas ainda não terem deixado a
coca-cola. A medida não avançou.
Costa falará dos grandes exemplos que nos chegam do norte da
Europa, onde a Finlândia taxa a valer os chocolates, os refrigerantes e os
gelados e a Hungria, que não quer refugiados… perdão, gente que consome snacks,
doces, refrigerantes. Dirá que Hollande não é o cobardolas que se diz, pois já
enfrentou a Coca-Cola e prepara-se para arrostar contra a MacDonalds.
Costa sabe que
os media vão acentuar o lado
oportunista da medida, mas também sabe que os jornais e as televisões que o
odeiam vivem de um moralismo de pacotilha e por isso decidiu ser tão hipócrita
como eles.
A medida vai atingir os pobres, que aos fins-de-semana costumam
brincar aos ricos nos restaurantes fast-food dos shoppings. Serão eles as
principais vítimas da Fat-Tax, a não ser que os ricos magnatas da Coca-Cola, da
Macdonalds e da Santini consigam convencer Mário Centeno que ainda é ministro
das Finanças. Pouco provável. Costa costuma tratar das coisas sérias do
orçamento com a terrível Mariana, a irrequieta Catarina e o camarada Jerónimo. Eles
já devem ter decidido que os gordos e os gulosos deixam de ir ao ginásio.
Gabriel Vilas Boas
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