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quinta-feira, 27 de outubro de 2016

INTIMIDADE


Recentemente, Luís Osório publicou “Amor”, um livro muito interessante sobre Relações, onde a dado passo escreve:
“Uma relação íntima pode existir sem qualquer intimidade. Podemos fazer amor com uma pessoa de quem somos íntimos e com alguém de que pouco ou nada conhecemos. Na cama é melhor que exista intimidade, ouvimos. Nuns casos, sim. Noutros, não. Porque uma relação íntima, com intimidade ou sem ela, só resulta quando, uns e outros, têm a sabedoria de fazer amor sem a rotina de um burocrata. Fazer amor de cor vale o mesmo que o trabalho feito por um operário especializado na mesma tarefa. Precisamos à mesma, mas nunca saberemos o que andámos a perder.


A nossa noção de intimidade está muito limitada ao sexo, o que é uma pena! A intimidade é perfeitamente possível, desejável até, entre duas pessoas que jamais pensaram em se envolver amorosamente. Existe entre duas pessoas que gostam de companhia uma da outra, que prezam longas conversas à mesa do café ou simplesmente têm prazer em partilhar tarefas, conhecimentos, experiências profissionais.


Muita solidão moderna começa na ausência de intimidade. Temos receio de abordar determinados assuntos com os amigos, porque são “demasiado íntimos”, mas a verdade é que eles existem por falta de intimidade com quem nos poderia ajudar a resolvê-los. 



A intimidade é uma relação de cumplicidade que criamos ou recriamos com alguém em quem confiamos, alguém que nos respeita e, sobretudo, alguém que nos faz crescer enquanto pessoas. 
Não abundam pessoas assim na vida de cada um, mas existem. Seria um erro, uma enorme estupidez afastarmo-nos delas por causa daquilo que outros vão pensar ou dizer, porque é inconveniente ser “íntimo” de um homem ou uma mulher que apenas tem o nobre estatuto de amigo. 
A intimidade de cada um é demasiado importante e séria para ficar dependente de qualquer preconceito bacoco.


Gabriel Vilas Boas

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