Honrar-se não é tão difícil como pode parecer em certos
momentos.
Honrar-se é recusar fazer aquilo que outros querem, quando
sabemos que isso está errado e é contra os nossos valores, ainda que o medo nos
cerque.
Honrar-se é não ceder àquilo que nos apetece, quando aquilo
que nos apetece não passa de capricho de menino mimado.
Honrar-se é dar-se ao respeito, ainda que ninguém esteja a
ver. Não permitir que os outros manipulem as nossas ações ou os nossos
sentimentos, ainda que isso nos possa doer num primeiro instante.
Sentir-se carente, infeliz, deprimido, mais tarde ou mais
cedo, há de passar, mas o sentimento de indignidade só passa quando nos
agigantamos corajosamente contra aqueles que respondem ao nosso amor, à nossa
amizade, à nossa preocupação e afeto com desprezo, egoísmo, oportunismo.
Não precisamos de cortar, precisamos de nos libertar. E dificilmente
se consegue liberdade sem luta.
Quando iniciamos essa luta, muitas dúvidas nos assaltam,
até porque os amigos de conveniência desaparecem e a solidão invade o coração e faz tremer a determinação. Mas é melhor passar fome e sede por uns
tempos do que andar a mendigar migalhas a vida inteira.
Honrar-se é também amar-se. Não de um modo narcisista, mas
de uma perspetiva digna e coerente. Rapidamente a abundância chegará às nossas
vidas: abundância de afetos de todas as cores, abundância de satisfação
interior, abundância de realização pessoal.
De facto, um homem e uma mulher são aquilo que fazem de si
e não aquilo que deixam os outros fazerem de si. Saber honrar-se marca essa
diferença fundamental.
Gabriel Vilas Boas
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