A indigitação de António Guterres
para Secretário-Geral da ONU foi a melhor prenda de aniversário que a república
portuguesa podia ter.
Guterres era indiscutivelmente
o melhor dos candidatos ao cargo e fará um excelente lugar. Com esta eleição
António Guterres torna-se o primeiro português a atingir um cargo de verdadeiro
relevo político a nível internacional.
As qualidades do antigo
primeiro-ministro português assentam como uma luva neste cargo: tecnicamente bem
preparado, congregador de vontades, humanista, gerador de consensos, profundo
defensor dos direitos humanos e do valor da paz, uma clara vocação para servir.
Quando abandonou o poder, em
2001, ficámos com a ideia de um político fraco, um perdedor, incapaz de drenar
o pântano de corrupção e compadrio que o rodeava. Talvez isso fosse verdade,
mas esquecemos de falar da dignidade de um homem bom, que soube abdicar quando
se sentiu impotente para contrariar aqueles que apenas se queriam servir da
política.
O percurso público, cívico e
político não parou nesse falhanço, porque Guterres soube reconhecer também as
suas qualidades e perceber onde podia intervir. Dez anos de ACNUR pareciam ser
um epílogo feliz para uma carreira política densa, mas «o indeciso» quis mostrar que
seria capaz de voar como um condor e alcançar o
que nenhum português tinha sido capaz de atingir. Fê-lo cumprindo o
mandato na ACNUR até ao fim, fê-lo rejeitando a glória certa da eleição para
presidente da república, fê-lo sujeitando-se a um processo de eleição em que se apresentava
completamente despido de apoios negociados nos bastidores, apostando tudo na
demonstração das suas qualidades para o cargo. E como o fez bem! Venceu todas
as etapas de modo inequívoco; manteve-se firme perante todas as sujas manobras
de bastidores, até que finalmente a sua estrela brilhou! Merecidamente!
2016 é definitivamente o ano
de Portugal. A eleição de Marcelo Rebelo de Sousa foi uma espécie de talismã da
sorte que tem guindado o país a vitórias importantes no panorama internacional
e com as quais sempre sonhámos. O mais engraçado é que todas elas foram por
mérito. Quando não se desiste, não há sorte ou azar que resista.
Gabriel Vilas Boas
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