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quarta-feira, 5 de outubro de 2016

GUTERRES, SECRETÁRIO-GERAL DA ONU




A indigitação de António Guterres para Secretário-Geral da ONU foi a melhor prenda de aniversário que a república portuguesa podia ter.
Guterres era indiscutivelmente o melhor dos candidatos ao cargo e fará um excelente lugar. Com esta eleição António Guterres torna-se o primeiro português a atingir um cargo de verdadeiro relevo político a nível internacional.
As qualidades do antigo primeiro-ministro português assentam como uma luva neste cargo: tecnicamente bem preparado, congregador de vontades, humanista, gerador de consensos, profundo defensor dos direitos humanos e do valor da paz, uma clara vocação para servir.

Quando abandonou o poder, em 2001, ficámos com a ideia de um político fraco, um perdedor, incapaz de drenar o pântano de corrupção e compadrio que o rodeava. Talvez isso fosse verdade, mas esquecemos de falar da dignidade de um homem bom, que soube abdicar quando se sentiu impotente para contrariar aqueles que apenas se queriam servir da política.
O percurso público, cívico e político não parou nesse falhanço, porque Guterres soube reconhecer também as suas qualidades e perceber onde podia intervir. Dez anos de ACNUR pareciam ser um epílogo feliz para uma carreira política densa, mas «o indeciso» quis mostrar que seria capaz de voar como um condor e alcançar o  que nenhum português tinha sido capaz de atingir. Fê-lo cumprindo o mandato na ACNUR até ao fim, fê-lo rejeitando a glória certa da eleição para presidente da república, fê-lo sujeitando-se a um processo de eleição em que se apresentava completamente despido de apoios negociados nos bastidores, apostando tudo na demonstração das suas qualidades para o cargo. E como o fez bem! Venceu todas as etapas de modo inequívoco; manteve-se firme perante todas as sujas manobras de bastidores, até que finalmente a sua estrela brilhou! Merecidamente!

2016 é definitivamente o ano de Portugal. A eleição de Marcelo Rebelo de Sousa foi uma espécie de talismã da sorte que tem guindado o país a vitórias importantes no panorama internacional e com as quais sempre sonhámos. O mais engraçado é que todas elas foram por mérito. Quando não se desiste, não há sorte ou azar que resista.

Gabriel Vilas Boas    

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