Ontem, o meu amigo e
colega, Miguel Moreira, relançou o tema replicando um breve vídeo do psicólogo
Eduardo Sá sobre os T.P.C.
Acho o tema
interessante, porque a minha experiência de professor e de pai ajudou-me a
concluir que cada cabeça sua sentença.
E não deveria ser assim. Obviamente que cada pessoa e sobretudo cada professor
tem uma opinião sobre o assunto, mas o uso dos T.P.C. na escola devia ter uma
utilização uniforme pelos vários professores dessa comunidade educativa, depois
de feito um amplo debate e ponderados os custos e benefícios da sua
implementação.
E quem devia suscitar o
debate pedagógico? Claramente as direções das escolas, impondo aos professores
uma prática comum obrigatória, com regras bem definidas e do conhecimento de
todos.
Sobre o assunto, penso
que os T.P.C. deviam ser uma exceção e não uma regra, como ferramenta do
processo de ensino aprendizagem dos alunos. Por norma, deviam ser feitos na
escola, durante o tempo em que os alunos lá permanecem, sob orientação dos
professores e não deviam obrigar ao dispêndio de mais de uma hora.
Em casa, os alunos
devem estar com a família e com os amigos, divertir-se, brincarem…
Quando marcados, os
T.P.C. devem ser pensados em função do tipo de alunos que cada professor tem, do
modo como o discente os encara e do tempo que ele demora a fazê-los. Conheço
alunos que, por dia, demoram 90 minutos a fazer os T.P.C. de quatro
disciplinas. Se a situação se repetir durante os cinco dias da semana,
trabalharão 7/8 horas em casa, o que equivale a mais um dia de aulas, ou seja,
têm aulas ao sábado.
Os professores alegam
que, sem os T.P.C., não conseguem consolidar a matéria dada ou até mesmo
cumprir o programa. É óbvio que os programas são demasiado extensos e isso é um
grande problema, mas também é verdade que continua a má prática de aulas muito
teóricas, em que toda a prática é empurrada para os T.P.C., onde o aluno fica
sem supervisão.
O professor fala tempo
demais durante as aulas e isso é absolutamente contraproducente. Os docentes
devem ganhar a arte de se reinventarem, mudando de método, focando o discurso
sobre o essencial e colocando os alunos a fazer aquilo que lhes vão exigir nos testes.
Os T.P.C. não podem ser
vistos como um castigo nem serem desproporcionados à idade nem ao tempo da
aula. Não devem ser usados para cobrir matéria lecionada de modo incompleto. Se
não foi possível lecionar determinada matéria e consolidá-la em tempo útil para
dado teste, paciência! Testa-se no próximo. E também era conveniente existir
sempre sensibilidade na marcação dos T.P.C. Entupir os alunos de trabalhos para
casa nas semanas em que colecionam três/quatro testes e chegam a casa por volta
das 18h 30m é tudo menos pedagógico e produtivo. Claro que depois os alunos ou
não estudam ou não fazem os T.P.C. e as notas não podem ser boas.
Os T.P.C. são
necessários? Por vezes sim, mas há que ponderar sempre o custo/benefício e
colocar-se no lugar do aluno. E não deveria ser preciso ter filhos em idade
escolar para perceber isto…
Gabriel Vilas Boas
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