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domingo, 3 de janeiro de 2016

OS TPC DA ESCOLA


Ontem, o meu amigo e colega, Miguel Moreira, relançou o tema replicando um breve vídeo do psicólogo Eduardo Sá sobre os T.P.C.
Acho o tema interessante, porque a minha experiência de professor e de pai ajudou-me a concluir que cada cabeça sua sentença. E não deveria ser assim. Obviamente que cada pessoa e sobretudo cada professor tem uma opinião sobre o assunto, mas o uso dos T.P.C. na escola devia ter uma utilização uniforme pelos vários professores dessa comunidade educativa, depois de feito um amplo debate e ponderados os custos e benefícios da sua implementação.

E quem devia suscitar o debate pedagógico? Claramente as direções das escolas, impondo aos professores uma prática comum obrigatória, com regras bem definidas e do conhecimento de todos.
Sobre o assunto, penso que os T.P.C. deviam ser uma exceção e não uma regra, como ferramenta do processo de ensino aprendizagem dos alunos. Por norma, deviam ser feitos na escola, durante o tempo em que os alunos lá permanecem, sob orientação dos professores e não deviam obrigar ao dispêndio de mais de uma hora.
Em casa, os alunos devem estar com a família e com os amigos, divertir-se, brincarem…

Quando marcados, os T.P.C. devem ser pensados em função do tipo de alunos que cada professor tem, do modo como o discente os encara e do tempo que ele demora a fazê-los. Conheço alunos que, por dia, demoram 90 minutos a fazer os T.P.C. de quatro disciplinas. Se a situação se repetir durante os cinco dias da semana, trabalharão 7/8 horas em casa, o que equivale a mais um dia de aulas, ou seja, têm aulas ao sábado.
Os professores alegam que, sem os T.P.C., não conseguem consolidar a matéria dada ou até mesmo cumprir o programa. É óbvio que os programas são demasiado extensos e isso é um grande problema, mas também é verdade que continua a má prática de aulas muito teóricas, em que toda a prática é empurrada para os T.P.C., onde o aluno fica sem supervisão.

O professor fala tempo demais durante as aulas e isso é absolutamente contraproducente. Os docentes devem ganhar a arte de se reinventarem, mudando de método, focando o discurso sobre o essencial e colocando os alunos a fazer aquilo que lhes vão exigir nos testes.
Os T.P.C. não podem ser vistos como um castigo nem serem desproporcionados à idade nem ao tempo da aula. Não devem ser usados para cobrir matéria lecionada de modo incompleto. Se não foi possível lecionar determinada matéria e consolidá-la em tempo útil para dado teste, paciência! Testa-se no próximo. E também era conveniente existir sempre sensibilidade na marcação dos T.P.C. Entupir os alunos de trabalhos para casa nas semanas em que colecionam três/quatro testes e chegam a casa por volta das 18h 30m é tudo menos pedagógico e produtivo. Claro que depois os alunos ou não estudam ou não fazem os T.P.C. e as notas não podem ser boas.
Os T.P.C. são necessários? Por vezes sim, mas há que ponderar sempre o custo/benefício e colocar-se no lugar do aluno. E não deveria ser preciso ter filhos em idade escolar para perceber isto…
Gabriel Vilas Boas

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