Em 49 a.C., Júlio César, o triunfante
conquistador e governador da Gália Cisalpina, (o que hoje corresponde ao norte
de Itália), entrou em conflito com o seu antigo colaborador político, Pompeu, e
com o Senado de Roma. Ordenaram a César que resignasse e regressasse a Roma
para ser julgado. Ao receber a notícia, cerca de 10 de janeiro, César reagiu
conduzindo o seu exército para lá do Rubicão – um riacho que desaguava no mar
Adriático – que assinalava a fronteira meridional da Gália Cisalpina. Este ato
equivaleu a uma declaração de guerra. A guerra que se seguiu conduziu à morte
de Pompeu e ao triunfo de César e por último à queda da República Romana.
Suetónio, 170 anos depois, escreveu sobre
este acontecimento marcante na história de Roma, o seguinte trecho na sua obra Vida
Dos Doze Césares
«Quando se soube que a interposição dos
tribunos a favor de Júlio César fora liminarmente rejeitada, secretamente ele
enviou à frente alguns apaniguados, para não levantar suspeitas; e, para manter
as aparências, assistiu aos jogos públicos e examinou a maqueta de uma escola
de esgrima que se propôs construir, a seguir, como de costume, sentou-se à mesa
com um grande grupo de amigos.
Depois
do pôr-do-sol, atrelaram umas mulas à sua carruagem, e ele partiu em segredo,
com um séquito muito reduzido. Anoiteceu e perdeu-se, até que um guia o
conduziu através de uns atalhos e o devolveu à estrada. Ao aproximar-se com as
suas tropas das margens do Rubicão, que era fronteira da sua província, parou
e, refletindo na importância do passo que tencionava dar, virou-se para os que
o rodeavam, dizendo:
“Ainda podemos voltar para trás. Mas
depois de atravessarmos esta pequena ponte, só nos resta lutar.”
“Vamos para onde os augúrios dos deuses e
os crimes dos nossos inimigos nos chamam! A sorte está lançada!”
Avançou com o seu exército para a outra
margem do rio; em seguida, mostrou-lhes os tribunos da plebe, que haviam
chegado de Roma para se juntar a eles, e, na presença deles intimou as tropas a
jurarem-lhe fidelidade.»
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