O chapéu, a gabardina, o cigarro no canto da boca e o ar de poucos amigos fizeram de Humphrey Bogart o herói duro e cínico do cinema americano.
Bogart foi muitas vezes gangster, mau como as cobras. Talvez por isso, o anti-herói dos anos 40 do século passado não despertava muitas paixões. E foi preciso esperar duas décadas (até à morte do ator, nos anos 60) para ver nascer a lenda, um dos ícones favoritos da geração de 60.
Em 1944, durante a rodagem do filme Ter ou Não Ter, de Howard Hawks, Bogart apaixonou-se por Lauren Bacall, a sua quarta e última mulher, com quem formou um par que se converteria num mito do cinema. E estavam bem um para o outro: ao herói juntava-se uma atriz tão dura e cínica como ele.
Para trás já deixara as hesitações quanto ao seu valor. No entanto foi o acaso que o revelou, quando foi chamado para substituir George Ralft em O Último Refúgio, em 1941, por este se ter recusado a interpretar o papel de um gangster em final de carreira que, ainda por cima, morria no fim do filme. O destino de Bogart foi entregue a Raoul Walsh e o resultado foi um grande êxito.
Nesse mesmo ano, Ralft voltou a fazer birra e a recusar um papel, em Relíquia Macabra, e Bogart foi de novo a solução de remedeio para outro grande filme, dirigido por John Houston.
O ano seguinte foi o do reconhecimento definitivo do ator, no memorável Casablanca, de Michael Curtiz. E mais uma vez fora chamado para substituir Ralft, só que desta feita ele não precisou de recusar, pois a produtora decidira antecipar-se e dispensou-o.
Ao lado de Ingrid Bergman, Bogart arrancou um dos seus mais brilhantes desempenhos, mas não alcançou o Óscar.
Daí em diante não parou. Fundou a própria produtora (Santana Pictures) e voltou a dar contributos importantes para grandes obras do cinema, como à Beira do Abismo (1956).
Em 1951, finalmente chegou a consagração absoluta, no filme A Rainha Africana, onde contracenou com Katharine Hepburn, sob direção de John Houston. Bogart assinou uma interpretação fabulosa, a que a Academia de Hollywood não foi indiferente atribuindo-lhe o Óscar de Melhor Ator.
Depois ainda trabalhou com Joseph Mankiewicz, na película A Condessa Descalça (1954), com Billy Wilder, em Sabrina (1954) e Michael Curtiz, nos filmes Veneno de Cobra (1955) e Horas de Desespero (1955).
A Queda de Um Corpo (1956), um drama sobre os bastidores do boxe, foi um título premonitório para a carreira de Bogart, já então tolhido pela doença.
Morreria poucos meses depois, no dia 14 de janeiro de 1957, vítima de cancro no esófago, causado por “um milhão de Whiskies”, como certo dia escreveu um dos seus biógrafos.
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